Museu da Música de Mariana inicia projeto de digitalização de obras históricas

Renato Fonseca - Hoje em Dia
28/07/2014 às 08:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:33
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

MARIANA – Arte, cultura e história ainda mais preservadas e ao alcance de todos, em todo o mundo. No mês em que celebra três décadas de visitação aberta ao público, o Museu da Música de Mariana, na região Central do Estado, inicia um projeto de digitalização de parte do rico acervo.

Em breve, turistas brasileiros e estrangeiros poderão acessar pela internet manuscritos musicais de obras históricas. Algumas, datadas do século 18, remontam aos primórdios da Capitania de Minas e do Bispado de Mariana.

Entre os documentos que farão parte do novo acervo digital está vasto material de compositores consagrados, como José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1946/1805), compositor e organista que atuou principalmente em Diamantina.A catalogação digital acontece dentro do museu, mantido pela Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (Fundarq). Um dos profissionais à frente da montagem da base de dados é o pesquisador e curador do espaço, Vitor Gomes.
O processo é lento e delicado. Usando jaleco, máscara e luvas, Vitor faz a higienização de cada uma das partituras com a ajuda de um pincel. Após a limpeza, é preciso deixar o papel sem dobras, totalmente liso.

“Essa etapa é chamada de planificação. Somente depois podemos escanear a obra e salvar no computador na base de dados”, diz Vitor Gomes. Até o momento, segundo o curador, cerca de 20 mil imagens foram geradas. A maioria faz parte da coleção do arcebispo dom Oscar de Oliveira, idealizador do museu na década de 60.

Pelo menos outras 20 mil, só do acervo de dom Oscar, ainda serão digitalizadas. O número exato de imagens a ser geradas ainda é imensurável, conforme destaca o pesquisador. Segundo ele, o museu tem documentos de cerca de 35 cidades mineiras. Entre elas, algumas com forte tradição musical, como São João del-Rei, Diamantina e Ouro Preto.


Difusão

Recentemente, o Museu da Música de Mariana também desenvolveu outra iniciativa para a valorização do precioso acervo. Durante o projeto, que leva o nome de Restauração e Difusão de Partituras, nove volumes e CDs foram montados a partir da regravação de obras antigas.


Salas para pesquisa e instrumentos históricos

Criado pelo arcebispo dom Oscar de Oliveira na década de 60, o Museu da Música da Arquidiocese de Mariana tinha a finalidade de abrigar documentos ligados à prática musical desde os primórdios da história da região. Somente dez anos depois, o espaço foi aberto ao público.

No local, que funciona no antigo Palácio dos Bispos, há salas para pesquisa, exposições de curta duração, palestras e apresentações musicais. No espaço multimeios, visitantes podem colocar fones de ouvido e escutar cânticos seculares regravados.

Em um dos cômodos, o turista também observa instrumentos musicais históricos. Um dos mais antigos é uma batuta de metal que pertenceu ao maestro e compositor Frutuoso Matos Couto (1822/1856).

Um cravo – instrumento de tecla – do século 19 também desperta a atenção. Cheio de ornamentos e com dois castiçais, o equipamento foi construído para ser tocado apenas por mulheres. “Naquele época, saber tocar era um dote da futura esposa. Porém, ela só podia mostrar seu talento dentro de casa”, destaca o curador Vitor Gomes.

Na última semana, o casal Sônia Bordinassi e Arlindo Silvério, de Taquaritinga, interior de São Paulo, foram conhecer o museu. Acompanhados da filha Marília Silvério, eles ficaram encantados com o acervo. “Muito bonito. Cada vez mais nosso país precisa de locais como esse, que preservam nossa história”, disse Sônia.


Órgão

A mais nova peça que fará parte do acervo é um órgão musical construído com partes de um instrumento remodelado na Catedral da Sé. Teclado, banco, pedais e flautas foram removidos em restauração feita há 30 anos no equipamento da igreja e agora compõem o novo órgão, conforme o Hoje em Dia mostrou na edição de ontem.

O Museu da Música fica na rua Cônego Amando, 161, bairro Chácara. O espaço funciona de terça a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Aos sábados, das 8h30 às 12h.

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