20ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes estreia sexta-feira com novidades

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
17/01/2017 às 20:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:27

A homenagem a duas mulheres, Helena Ignez e Leandra Leal, quando a Mostra de Cinema de Tiradentes completa duas décadas de criação, não é por acaso. Está relacionada ao crescimento da produção envolvendo mulheres na direção (21% dos filmes inscritos) e, claro, aos movimentos de empoderamento feminino. Mas tem também a ver com o fato de o festival ser comandado por duas mulheres apaixonadas por cinema.

Raquel Hallak, uma dessas mulheres, confirma. Ao lado da irmã Fernanda, elas transformaram uma pequena cidade histórica num dos principais palcos da produção nacional, sinônimo de invenção e reflexão. “O Quintino (marido de Raquel, também sócio da Universo Produção) põe a mão na massa, trabalhando a estrutura. Mas o planejamento partiu de duas mulheres”, diverte-se a coordenadora, sem medo de criar rusgas em casa.

Com início nessa sexta-feira, a Mostra de Tiradentes tem muito o que comemorar, a partir de uma programação de 108 filmes que ocuparão três espaços de exibição durante nove dias. Raquel, porém, não quer ficar apenas na nostalgia e uma das novidades dessa edição de aniversário é um primeiro passo pensando no futuro: a Casa da Mostra, que pretende estender uma experiência que, antes, estava restrita a alguns dias de janeiro.

“A ideia é criar uma programação para o decorrer do ano. A Casa da Mostra foi concebida para acolher um grande acervo do cinema brasileiro, tornando-se um centro de pesquisa. Demos um primeiro passo para deixá-lo aberto, mas precisaremos de um parceiro para a digitalização de publicações e vídeos, pois requer um investimento”, explica Raquel, que já sonha com um espaço como esse há, pelo menos, dois anos.

O novo espaço fica na Rua Direita, corredor cultural e gastronômico de Tiradentes, e será inaugurado no sábado. Durante a Mostra, acontecerão várias atividades, como cinema de 360 graus, servindo também para iniciar uma pesquisa jamais feita na cidade, sobre o perfil do público que frequenta a Mostra. “A Prefeitura não tem esses dados e se contratássemos uma empresa para isso, como gestores culturais, sairia muito caro”.

História recente
A temática central da Mostra reflete o momento de instabilidade política e econômica vivido pelo país ao longo de 2016: “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”. Raquel Hallak lembra que, desde a década de 30, os filmes nacionais vêm tentando construir a imagem do Brasil. “Não está sendo diferente agora, ao retratarem a história recente, com a crise política e de identidade”, destaca a coordenadora do festival.

O júri da crítica escolherá, a partir desse ano, além do melhor longa (Mostra Aurora) e do melhor curta (Mostra Foco), uma mulher para receber o Troféu Helena Ignez, que será entregue a uma profissional que tenha se destacado em qualquer área de realização de algum dos filmes em exibição

“O que queremos refletir é se esses filmes, com a facilidade tecnológica, não estariam banalizando essas imagens. Elas têm que ser pensadas não como um mero filme de reportagem, mas como invenção. A realidade está cada vez mais presente, mas é preciso exibir um cinema que se reinvente na sua forma”, pondera Raquel, que também irá comemorar nessa edição os 10 anos da Mostra Aurora, seção competitiva do festival.

“A Aurora se tornou um marco da Mostra, criada após percebermos uma demanda do público que se formava em nossas oficinas. Eles faziam seus primeiros longas, mas não encontravam espaço em nenhum festival. Estávamos atentos, a partir daquele momento, às novas formas de produzir, totalmente independente e com poucos recursos, livres de rótulos e editais”, destaca.

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