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Chega um momento em que a coleção torna-se mais forte que o colecionador, explica a empresária Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG). Assim aconteceu com os seus oratórios e também com o acervo de instrumentos de trabalho, coleção iniciada por seu pai, Flávio, ao qual ela deu sequência “com muito gosto”.
Aliás, foi na data de inauguração do Museu de Artes e Ofícios à população de Belo Horizonte, em janeiro de 2006,que Angela localiza o desejo de tornar pública a sua coleção de Sant’Anas. O que se concretiza agora. Nesta sexta-feira (19), às 17 horas, será inaugurado, em Tiradentes, o Museu de Sant’Ana, único no mundo a ser dedicado à “santa protetora dos lares, da família”, bem como dos mineradores.
A instituição está localizada na antiga Cadeia Pública da cidade, e abriga cerca de 300 imagens de Sant’Ana. São obras brasileiras, de diversas regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas, em sua maioria, por artistas anônimos, entre os séculos 17 e 19, em materiais diversos.
“Cada uma me sensibiliza de uma maneira, pelo olhar, pelo gesto, pela técnica e pela história que cada imagem carrega”, diz Angela, que aventa a hipótese de uma dia contar todas as histórias por trás de cada peça. “Todas têm histórias lindas e eu, como colecionadora, experimento emoções muito especiais. Ao olhar para cada uma delas relembro os detalhes do momento do encontro com a peça”, diz.
Angela Gutierrez conta que sua história e devoção com Sant’Ana remonta à sua infância – “e praticamente durante toda minha vida” andei à sua procura. “A paixão pela arte antiga brasileira me acompanha desde pequena, quando aprendi com meus pais a reconhecer a grandiosidade e a riqueza da nossa cultura e a necessidade de preservá-la. Hoje, são 291 que integram a coleção, doadas ao Iphan. A gestão do Museu será do ICFG. É uma alegria imensa poder realizar este sonho e entregar para o público o Museu de Sant’Ana que é um espaço cultural de muita contemplação”.