Samba mineiro perde o talento de Jadir Ambrósio, autor do hino cruzeirense

Pedro Artur - Hoje em Dia
01/10/2014 às 08:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:25
 (Toninho Almada)

(Toninho Almada)

A música mineira perdeu um de seus grandes ritmistas. Jadir Ambrósio morreu nessa terça-feira (30), aos 91 anos – seu corpo será enterrado nesta quarta-feira (1º), às 10h, no cemitério Bosque da Esperança. Ele estava em tratamento de doenças renais e cardíacas.

O músico transitou por gêneros como o samba, o baião e o bolero com a mesma desenvoltura – e sempre sem desafinar. “Buraco de Tatu” (parceria com Jair Silva) caiu no gosto popular na voz de Luiz Gonzaga. Ele compôs mais de 300 canções em sua carreira, iniciada em 1954, com o baião “Oi, Sabiá”, sucesso gravado pela dupla Caxangá e Sanica. O hino do Cruzeiro, Jadir compôs em 1965.

Para o compositor Gervásio Horta, Jadir era um dos expoentes mais originais da Música Popular Brasileira. “Quero dizer no sentido de ‘diferente’. Ficava em torno dos passarinhos e dos bichos. Pelos temas que buscava, era um compositor mais brejeiro, distante lugar comum. Fez também boleros, marchinhas de carnaval”, conta.

Gervásio lembra também que Jadir Ambrósio foi o “descobridor” da Clara Nunes. “Ela era vizinha dele no bairro Renascença e saía, levando-a para a Rádio Inconfidência, a Guarani”, ressalta o compositor, de 75 anos, e um dos mais importantes sambistas remanescentes da época de ouro do rádio na cidade.

TV Itacolomi

Outro que enaltece a obra de Jadir é Mestre Conga. “O samba perdeu um de seus importantes criadores. Na época da TV Itacolomi ele participava dos programas de marchinhas de carnaval. Foi importante para o samba na cidade”, destaca Mestre, do alto de seus 87 anos.

Em entrevista ao Hoje em Dia, realizada em 2010, Jadir Ambrósio se autodefinia com uma pessoa “intrépida”. “Sempre tomei chega ‘pra’ lá da vida, mas também sempre fui intrépido. Enfrentei e venci. E olha que sou do tempo em que negro não podia entrar na escola”, confidenciou.

OS FILHOS DA LUA

E foi com ousadia que Jadir construiu sua história na música. Inspirado n’O Bando da Lua, que acompanhava a icônica Carmem Miranda, ele e amigos criaram Os Filhos da Lua.

O grupo marcou época na capital mineira. Começou tocando nos bairros, mas, com o sucesso, os músicos passaram a tocar em clubes de Belo Horizonte. Foram 12 anos com Os Filhos da Lua.

Jadir Ambrósio tem toda sua história ligada à capital mineira. Ele nasceu na cidade de Vespasiano, em 1922, mas, quatro anos depois, se mudou com a família para Belo Horizonte. Aqui conheceu um de seus grandes amigos: o ex-presidente Juscelino Kubitschek.


 

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