Vinte anos após abrir o primeiro Festival Internacional de Teatro de Palco & Rua (FIT), o grupo francês Générik Vapeur voltou à capital mineira para encantar com um espetáculo grandioso. Milhares de pessoas compareceram à avenida dos Andradas no final da tarde deste sábado (10) para conferir a saída de “Jamais 203”, montagem que convidou o público para assistir a uma divertida corrida ciclística entre o Parque Municipal e a Praça da Estação.    A aposentada Elizabeth Alvarenga, 65 anos, estava entre a multidão que acompanhou “Jamais 203” e na primeira passagem do grupo por BH, em 1994, com “Bivouac”. “Naquele ano ninguém sabia nada sobre o que era o FIT. Os artistas saíram pelas ruas tocando tambores e todo mundo ficou meio assombrado. Se hoje houver 10% da qualidade daquele espetáculo será ótimo”, disse, cheia de expectativas.   Inspirado na famosa Tour de France, “Jamais 203” contou com 15 integrantes do próprio grupo e mais de 20 voluntários de BH, entre artistas e ciclistas ativistas. Viveram os mais diferentes personagens de uma competição – o malandro, o ambicioso, a vaidosa... No meio do trajeto, pararam para apresentar três cenas bem-humoradas que remeteram a questões do esporte, mas podem ser encaradas também como referências a problemas sociopolíticos, como a tentativa de burlar regras para alcançar a vitória.   Antes da terceira largada, a trupe gritou “não vai ter copa!” e um caminhão pipa jogou água nos participantes do espetáculo e no público. Além dos “esportistas”, a encenação contou com um carro de jornalistas (chance para criticar a imprensa) e um caminhão com uma banda tocando uma trilha roqueira, com direito a “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, de Tim maia. Fogos de artifício fizeram parte de todo o trajeto – com direito a um intenso e belo foguetório no final.    Na Praça da Estação, um belo gran finale. O público se deparou com uma grande rampa, onde aconteceria a chegada dos ciclistas. Mas antes que os “competidores” alcançassem o final, um guindaste gigante levantou uma das criativas esferas e dois “ciclistas”. O recado deixado à plateia é de que, não importa o quanto todos se esforcem, os vencedores já estão escolhidos em um jogo de cartas marcadas.    Durante uma hora e meia, o público não pôde ficar passivo frente a “Jamais 203”. Era convidado a caminhar com o Générik Vapeur e era necessário buscar a todo momento o melhor lugar em meio à pequena multidão para enxergar as encenações. Eram tantos elementos a serem contemplados, que a atitude mais interessante era a da movimentação constante.    De graça Neste domingo, o FIT traz outras apresentações gratuitas, como “As Raízes do Mineirinho Pau e do Boi Pintadinho” no Parque Professor Guilherme Lage, às 16h, e “De Malas às Artes” no Parque Conjunto Estrela Dalva, às 16h30. 

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