(Giuliana Danza/Divulgação)
André Salles-Coelho atende à ligação ofegante. "Estou no meio do ensaio", desculpa-se. Era domingo à noite, e o fundador e maestro do Maracatu Lua Nova referia-se aos preparativos para a noite desta terça-feira (5), na Funarte MG, quando o grupo comemora dez anos de trajetória, com direito a festa, lançamento de CD e de novo figurino e uma exposição de fotos que balizam o percurso. "Está bacana demais, acho que vai ser superlegal, já está tudo pronto, estamos terminando os últimos detalhes", compartilha.
A exposição é o primeiro assunto a ser destrinchado. "Recolhemos fotos dos momentos mais marcantes, tem a da primeira apresentação, do primeiro dia que entramos na sede, hoje definitiva, no bairro Aparecida... E tem foto da gravação do primeiro DVD, do segundo, dos lançamentos...", enumera.
O CD traz 22 músicas registradas no livro "Maracatus do Recife", do maestro, compositor e pesquisador César Guerra-Peixe. Vale lembrar que, entre 1949 e 1953, Guerra-Peixe, recusando convite para trabalhar em Zurique, foi morar no Recife com o objetivo de apreender os costumes do Nordeste. Lá, se aproximou de grupos como o Maracatu Elefante. E registrou, nas partituras, toques, rituais, dinâmica e o desenvolvimento de uma apresentação de maracatu.
Avaliação positiva
Nesses dez anos, o Maracatu Lua Nova estima já ter executado mais de três mil horas de músicas em mais de 500 ensaios, bem como quase 200 apresentações. "A avaliação do percurso é muito positiva; Atualmente, mantemos o grupo com uma média de 60 pessoas. São 33 instrumentistas e dez baianas, por exemplo. Além de quatro uniformes (na festa de hoje, vamos inaugurar o quarto). Manter isso, ensaios semanais, apresentações frequentes, com as pessoas sempre ativas, interessadas, com deslocamentos que não são fáceis (a gente sai da sede de manhã e volta à noite); é muito bom, temos um retorno positivo de um número grande de pessoas".
Sim, os percalços existem. "Acho que a cultura, de uma maneira ampla, está passando por uma crise. A gente basicamente sobrevive de lei de incentivo, fica correndo de um lado para o outro. Algumas vezes – poucas – há a venda de uma apresentação diretamente, e aí tem um cachê. No geral, o dinheiro pinga aqui e ali, mas somos bastante controlados".
A faixa etária é diversificada. "A minha filha (Isabel), por exemplo, tem três anos e meio e já está lá, mas tem um mais novo ainda, o Felipe, de três anos. E há as senhoras, que, por delicadeza, não ouso perguntar a idade", diz André.
Detalhe: nesta terça, o Lua Nova recebe três convidados: a Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário, a de Moçambique Divino Espírito Santo e o Grupo Ensaios – Samba do Seu Marcelo.
Serviço
Maracatu Lua Nova – Nesta terça-feira (5), a partir das 19 horas, na Funarte MG (rua Januária, 68, Floresta). Entrada franca.