De volta à vila dos Smurfs

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
28/03/2017 às 18:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:55

Tudo começou há exatamente 60 anos, num restaurante, quando o ilustrador belga Peyo substituiu “saleiro” pela palavra “le schtroumpfs”, inventada naquela hora. A partir dali, em quadrinhos e no desenho televisivo lançado da década de 80, vários outros vocábulos viraram simplesmente “schtroumpfs” – ou, no Brasil, “smurfs”. O cinema custou a descobrir os pequenos duendes azuis que vivem em cogumelos e adoram cantar “Tra-la-la-la-la-la, la-la-la-la-la”, para a irritação do feiticeiro Gargamel, que faz de tudo para apanhá-los. Em 2011, foi lançado o primeiro filme, que, assim como a continuação de 2013, apostava na interação entre animação 3D e live action. “Smurfs e a Vila Perdida”, cartaz a partir de amanhã no cinema, é o primeiro totalmente produzido em animação digital, o que fez muito bem à franquia, mirando-se no exemplo recente de “Snoopy”. Na mesma situação dos Smurfs, o beagle e seus amigos eram mais conhecidos do público adulto, mas o filme caiu no gosto da criançada. LiberdadeA interação com humanos de verdade, nos dois longas anteriores, resultou em roteiros simplórios que exibiam gags frouxas para justificar a ida dos smurfs para a cidade (a vila deles seria difícil de ser reproduzida de maneira realista). Sem atores, os produtores tiveram liberdade para buscar ideias novas.  Uma pergunta que acompanhou os fãs da série televisa era a razão de os Smurfs serem apenas machos – embora Peyo afirme que suas criações são assexuadas, trazidas da cegonha, as características são masculinas. E quando Smurfette surgiu, ela foi feita artificialmente, a partir de argila, pela mente maldosa de Gargamel. EquilíbrioO que poderia render leituras preconceituosas e estereotipadas (quando criada, Smurfette era morena, virando loira ao ser “curada” por Papai Smurf), no terceiro longa-metragem acaba sofrendo uma inversão, tornando-se um interessante mote do enredo, que não pode ser revelado para não estragar a surpresa do filme. Mais do que, vamos dizer, proporcionar equilíbrio entre gêneros, “A Vida Perdida” trabalha o valor de ser diferente, quando Smurfette é rotulada por sua filiação paterna, sempre como motivo de desconfiança. A animação mostra que mais importante que o pai “biológico” é aquele que cria. Com isso, a franquia retoma o aspecto educativo, que rendeu vários prêmios nos anos 80.

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