(Paulo Filho)
Fartura para tirar “a barriga da miséria”. Não é promessa de campanha política. Mas se fosse candidato, o Festival Fartura BH largaria na frente por abranger um “eleitorado” tão vasto – entre eles o apreciador do açaí, fruta típica da região Norte, ao bode, carne presente na culinária nordestina, passando pelo café de quem mora no Sudeste e pelas uvas colhidas no Sul.
“Na gastronomia, não somos um país, mas sim um continente”, destaca Rodrigo Ferraz, diretor geral do festival, atração desse sábado e domingo, na praça José Mendes Júnior, entre a Rua da Bahia e o Palácio da Liberdade. O evento reunirá 70 chefs e produtores de 14 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal.
Não faltam números superlativos. Afinal, serão 80 espaços dedicados à venda de comida e bebida, além de 32 cursos e degustações, 18 atrações musicais, butique e espaço kids. Para “alimentar” o espírito, nada melhor do que música, que, assim como o cardápio, não poderia deixar de ser diversificada – do sofisticado Caffeine Trio ao som dançante da banda Os Distraídos.
CELEBRAÇÃO
A proposta não é muito diferente de outro evento gastronômico comandado por Ferraz: o Festival de Gastronomia de Tiradentes, que já acumula 17 edições. Em ambos, o trabalho é fruto de uma extensa pesquisa de três anos pelo país, percorrendo 48 mil quilômetros e 16 estados. “Não é uma pesquisa no Google. Foi feita in loco, o que nos deu muito subsídio”.
Para o diretor, esse tipo de conhecimento é o que oferece credibilidade. “É a diferença entre o chef que pesquisa junto ao produtor e o chef que compra pronto. A gastronomia hoje está muito voltada para a pesquisa”, salienta Ferraz, que adicionou ainda um forte tempero a tanta fartura: a celebração. “Fomos mais para a rua e adicionamos música, tornando a gastronomia mais acessível”.
Ele não está preocupado com atração, mas sim com a educação, trocando um chef cinco estrelas por uma viagem pelas delícias do Amapá. “Estamos deixando de ser um evento gastronômico para ser um projeto maior, envolvendo também filme, livro e redes sociais”, destaca. E com um nome tão palatável como Fartura, Ferraz já pensa em replicar o festival em outras praças. “É uma marca”.
‘Street food’ é a onda do momento, diz chef
Salgado, doce, picante ou levemente amargo. Para cada um desses gostos, há um prato esperando por você no Festival Fartura BH. Em matéria de sabor açucarado, uma das atrações é o estande do Pão de Bel, especialista em pães de mel e brigadeiros.
A participação no festival gastronômico coincide com a recente mudança de endereço da empresa, que saiu de Lourdes para ocupar um espaço maior no Cruzeiro, deixando de priorizar as encomendas para também se tornar um ponto de venda.
“Estamos numa fase de expansão e busca de novos parceiros. O festival será uma forma bem legal para dar maior exposição aos nossos doces”, observa Guilherme Vasconcelos, sócio desde o ano passado de Isabel Drummond Pacheco na Pão de Bel.
Isabela é a razão do sucesso dos pães de mel. Ela começou a fazê-los há 20 anos, como um hobby. “Acabou virando um negócio com a propaganda boca a boca”, registra a fundadora, que não esconde o segredo de suas guloseimas serem tão deliciosas: “amor”.
PAELLA GIGANTE
O chef Rodrigo Zarife também virou sinônimo, em Belo Horizonte, de sua especialidade: as paellas. Em seu estande no Festival Fartura BH, esse prato de origem espanhola ganhará formato gigante, com cada paella servindo 100 pessoas.
“Essa iniciativa de levar comida para a rua, o street food, já acontece em São Paulo com sucesso. As pessoas querem estar nas ruas desfrutando de uma comida que antes estava restrito aos restaurantes”, comemora Zarife, que prepara paellas desde 1998.
“Morei muitos anos na Espanha e, em 2003, tive a primeira experiência de prepará-las na rua, no Festival Gastronômico de Tiradentes. Há 11 anos participo do festival fazendo esse prato”, explica o chef, que hoje tem um buffet exclusivo que prepara jantares para eventos.
Mais fartura gastronômica em BH
A 9ª edição do Restaurant Week Belo Horizonte (www.restaurantweek.com.br) termina no próximo domingo (28). Com o tema Gastronomia Fusion, o desafio dos chefs de restaurante como Atlântico e Badejo é reunir ingredientes de diversas partes do mundo em um único prato. Os cardápios escolhidos especialmente para o festival (com direito a entrada, prato principal e sobremesa) custam R$ 38,90 (almoço) e R$ 50,90 (jantar).
Desde a última segunda-feira (22), até o dia 23 de novembro, 19 restaurantes da região da Pampulha estão promovendo a 5ª edição do Circuito Gastronômico da Pampulha (www.circuitograstropampulha.com.br). No menu, pratos novos que contam uma história relacionada ao trem mineiro.