Caminhos da produção artística de vanguarda 1

22/04/2016 às 17:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:04

Arte é da alma. Disso ninguém duvida. Arte é um conceito abstrato, subjetivo, polêmico, e recorrente em discussões. Disso, também, ninguém duvida. Lidar com a arte, o mercado, seu modus operandi, e fundamentá-la intelectualmente, no entanto, é o que falta, muitas vezes, para se formar uma representatividade de cada trabalho.

Talvez seja essa a maior crítica que se faz hoje à produção artística contemporânea e conceitual que, a partir dos experimentos de Duchamp, no início do século XX, se revelou importante ponto de questionamento para a produção de vanguarda.

Quando surge com objetos comuns transformando-os em obras de arte absolutamente conceituais, Duchamp não o faz simplesmente para plano de contemplação com entendimento subjetivo. Já naquela época, propunha profunda reflexão sobre o que é arte, seu papel, e suas limitações. Teve um extenso trabalho de pesquisa intelectual para produzir o que apresentou.

A formação artística no Brasil surge com a Academia Imperial de Belas Artes, fundada no Rio de Janeiro por Dom João VI. De lá para cá, o movimento artístico brasileiro passou por grandes transformações. As escolas clássicas resistiram, mas deram lugar a escolas modernas, e tivemos um dos mais expressivos movimentos modernistas do mundo. Tudo muito bem fundamentado, originando técnicas, pesquisas e novos caminhos para arte plástica brasileira.

À época (primeira metade do século XX), um conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos formaram o que se chama de Modernismo no Brasil, e influenciou produções sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. Era um estudo e um movimento de revolução, de rejeição de padrões, e de experimentos. A resistência foi gigante, e hoje é apreciado como o mais importante momento da arte plástica nacional.

Recentemente, em termos históricos, a arte ganha a Academia. Quando isso acontece, temos nas principais Universidades públicas brasileiras as escolas de Belas Artes, com diversas orientações acadêmicas, e extensos campos de pesquisa. A arte, então, para além da produção, se faz necessária ser compreendida enquanto produto de alguém que a produz com base no meio e nas influências com as quais convive.

As críticas feitas à “formação artística”, no entanto, residem justamente no melindroso caminho da influência direta de seus mestres sobre os alunos. Nota-se, no entanto, um ambiente de mergulho profundo, de onde emergem alunos que rompem com padrões estéticos, em suas próprias pesquisas e experimentos, trazendo sempre essa influência à uma nova luz.

Na segunda metade do século XX temos, então, a partir de novos questionamentos, e também oriundos dos experimentos de Duchamp no início do século, uma onda forte que chamamos hoje de Arte Contemporânea. Os caminhos que o movimento tomou, no entanto, seguem por uma linha bem contraditória: recaímos sobre o papel da arte e quem ela busca atingir. Mas isso é um assunto para a próxima coluna.

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