Jonas Bloch traz peça sobre obra de Manoel de Barros

“O Delírio do Verbo” tem sessões nesta sexta, sábado e domingo, no Sesiminas

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
21/07/2016 às 17:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:24
 (Divulgação)

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Jonas Bloch poderia ter escolhido o teatro principal do Sesiminas, que tem capacidade para 648 pessoas. O ator, no entanto, preferiu o Teatro de Bolso, com 103 assentos. “É um ambiente mais íntimo, aproxima o público. Ao invés de procurar mais dinheiro, escolhi o afeto”, afirma o artista, ao se referir à peça “O Delírio do Verbo”, inspirada na obra do poeta Manoel de Barros (1916-2014). 

Aos 77 anos de idade, 55 anos de carreira, tendo feito cerca de 40 peças de teatro e filmes e 47 produções para TV, Bloch não parece se cansar. Ele fez a montagem, é responsável pela direção e atua na trama. Qual a fonte de tanta vitalidade?

“Vem de muitos lugares e do prazer de fazer o que gosto. Me cuido também; faço exercícios físicos e me alimento com critério”, conta o ator belo-horizontino. “E tenho muito juventude acumulada”, brinca.

A simplicidade com que leva a vida também deve ser um dos “segredos” do ator, assim como do poeta homenageado. “O que vende para nós é um comportamento padronizado, que Manoel de Barros tenta quebrar. Ele observa as coisas simples e não faz um personagem que muita gente faz, pois procura o verdadeiro interior. Ele, de certa maneira, busca a essência da vida”, frisa, ao afirmar ter essa concepção em comum com o escritor mato-grossense.

A peça 
A ideia de fazer a montagem surgiu há alguns anos, quando Bloch ganhou uma coleção do escritor. “Fiquei completamente mobilizado pela obra dele. O Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) falava que ele era o maior poeta vivo do país. Ele ganhou vários prêmios... É um autor consagrado”, exalta.

Bloch explica que o espetáculo mostra as várias maneiras de Barros escrever, abarcando, por isso, humor, surrealismo, romance, ironia. “Mas é importante dizer que não é uma peça de poesia e declamação, porque o texto não tem rima”, explica.

O resultado tem sido aplaudido pelo público e há quem tenha o visto mais de uma vez. “A filha dele (Barros) foi também ver o espetáculo (no Rio). Quando terminou, ela não aguentou e invadiu o palco para me abraçar. Me senti emocionado”, lembra.

O sucesso, contudo, não veio de graça. A construção da peça foi demorada, se tornando, assim, um dos maiores desafio da carreira do ator – justamente o que ele procurava. “Depois de nove anos na Record e de fazer um fim de novela na Globo, estava precisando de um texto mais ambicioso, que me fizesse retomar ao meu caminho artístico, e Manoel de Barros fez eu me reencontrar”, confessa.

SERVIÇO:

Peça “O Delírio do Verbo”, com Jonas Bloch. Sexta (22) e sábado (23), às 21h, e domingo (24), às 19h, no Teatro de Bolso Sesiminas (rua Padre Marinho, 60). R$ 40 e R$ 20 (meia)

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