(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)
O Sistema Único de Saúde (SUS) vai além do atendimento em hospitais. Sem perceberem, os 190 milhões de brasileiros são usuários da rede pública de saúde, mesmo que indiretamente. O SUS está na mesa do cidadão, na prateleira do supermercado e em uma infinidade de lugares. Nesta terceira matéria da série SUS 25 anos, o Hoje em Dia mostra que nem a pessoa mais rica do país, cliente do plano de saúde privado mais caro, pode dizer que não depende do sistema. Todos, de alguma forma, são beneficiados por serviços públicos como o de vigilância em saúde e campanhas de vacinação. É o que diz a Constituição Federal de 1988. O artigo 200 do documento estabelece ao SUS a competência do controle e fiscalização de procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde. É o sistema público que também inspeciona alimentos, bebidas e a água para consumo humano. Sem falar nos medicamentos, que são obrigatoriamente registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assim, aquele que afetar o bem-estar de toda a população deve ser submetido a normas que têm origem nos órgãos ligados à saúde no país. “O SUS não se resume ao atendimento médico. Quando você compra uma carne em um supermercado, por exemplo, ela teve a qualidade inspecionada por um órgão regulador antes de chegar às mãos do consumidor. E isso é bastante válido, uma vez que é um zelo pela saúde do cidadão. Dessa forma, todos usam o SUS”, ressalta Kênia Lara Silva, professora de gestão de serviços da saúde da Escola de Enfermagem da UFMG. O objetivo é proteger e promover a saúde. “Podemos dizer que o SUS avançou muito nesse quesito. Se não fosse essa vigilância, as indústrias, que têm o lucro como objetivo de mercado, fariam o que bem entendessem”, enfatiza o professor Cornelis Van Stralen, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) e membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Surpresa Saber que o SUS não é só atendimento em hospitais é uma surpresa para a grande maioria das pessoas. A empresária Bárbara Kolanscki, de 29 anos, é uma delas. Cliente de plano de saúde há mais de 20 anos, acreditava que não era usuária da rede pública. “Sou acostumada a comprar alimentos em supermercados e frequentar bares, mas não sabia que tudo isso tinha o dedo do SUS. Achava que a saúde pública era bem restrita, com atendimento só para quem procura médico. Hoje vejo que vai além e é muito interessante saber que é o recurso público que faz esse serviço de fiscalização”.