Mostra de Tiradentes homenageia Leandra Leal

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
17/01/2017 às 20:22.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:27

Marcela, Sinhá, Sílvia, Bebel, Sônia, Camila, Ritinha, Rosa, Zoé, Lola, Lúcia. Essas múltiplas faces de Leandra Leal no cinema correspondem a 20 anos de carreira, que ela completa agora, com uma homenagem numa Mostra que começou junto com ela, coincidentemente exibindo a estreia dela em “A Ostra e o Vento”. A atriz carioca passou outras vezes pela cidade mineira, mostrando sua versatilidade também atrás das câmeras, primeiramente como produtora. Em 2017, Tiradentes conhecerá a Leandra diretora, com a apresentação do documentário “Divinas Divas”.

Não é muito comum receber homenagens tão jovem, aos 34 anos, não é verdade?
Eu fico muito feliz. É uma responsabilidade, um reconhecimento feliz. O filme “A Ostra e o Vento” foi exibido na primeira edição da Mostra Tiradentes. Depois, passei por lá com outros trabalhos, como a “Operação Sonia Silk”, que foi também a minha estreia como produtora. E agora chego sendo homenageada e com o meu primeiro filme como diretora (“Divinas Divas”). Acho que fui testemunha participante do crescimento da Mostra, e ela também foi da minha carreira. Eu admiro a curadoria e a importância deste festival, e fico meio boba de ter sido escolhida como homenageada nesta 20ª edição.

Apesar da pouca idade, você tem uma produção muito grande em cinema, com cerca de 30 filmes. Isso sem deixar de fazer televisão e teatro, evidenciando uma pessoa muito intensa e dedicada à profissão...
Sim, eu sou uma pessoa melhor trabalhando. Eu amo fazer, pensar e assistir a filmes.

No cinema, foi um começo com pé direito, em “A Ostra e o Vento”, como protagonista no longa-metragem de Walter Lima Jr. Sua atuação foi muito elogiada. Ainda se lembra como foi a preparação para aquele filme?
Sim, a preparação e a filmagem foram um marco na minha vida. O Walter é um mestre, uma pessoa generosa. Ele não só me escolheu para fazer o filme, como também me apresentou a muitos outros filmes. Ele direcionou o meu olhar.

Depois, você interpretou meninas românticas, como em “O Viajante” e “O Homem que Copiava”. O papel que mudou tudo isso foi “Nome Próprio”, pelo qual ganhou o Kikito de melhor atriz, na pele de uma blogueira que escreve sobre a sua vida. Ele realmente foi um marco para você?

Sim, foi um batalha e uma escolha minha fazer este filme. Convenci o Murilo (Salles, diretor) de que eu poderia fazer. Eu não sabia o motivo, mas queria passar por aquele processo, por aquela intensidade.

Mas talvez o grande desafio mesmo foi no thriller “O Lobo Atrás da Porta”, como uma espécie de vilã muito complexa, que resolve se vingar de seu amante.
Eu amei fazer “O Lobo”, trabalhar com o Fernando (Coimbra, diretor) e com os atores (Milhem Cortaz e Fabiula Nascimento). Foi um filme muito cuidadoso com o processo dos atores. Tivemos bastante ensaio, sabíamos o que deveríamos fazer e aonde deveríamos chegar no set.

Produzir “Eden”, “O Uivo da Gaita” e “O Rio que nos Pertence!” pôs você em contato com uma cena mais independente. Como foi essa experiência?
Foi um projeto que fiz com os meus amigos, pessoas que conheço há muitos anos e com quem queria trabalhar. A “Operação Sonia Silk” foi uma experiência radical e amorosa. Um sonho.

Agora você acaba de lançar “Divinas Divas”, que marca a sua estreia na direção. A escolha pelo documentário foi motivada pela facilidade de produção ou pelo contato com o tema?
Pelo contato com o tema. Eu só dirigiria algo que fosse muito pessoal, uma história que só eu pudesse contar. Sou muito feliz e realizada como atriz, tenho respeito pela figura da direção e só faria algo que me mobilizasse por completo.

Muito tem se falado sobre um possível filme com as Empreguetes, grupo musical que você fez parte na novela “Cheias de Charme”. Você gostaria de retomar a personagem Rosário, agora na tela grande?
Seria maravilhoso reviver essa personagem.

Num momento em que há uma ascensão de grupos evangélicos no país, você interpreta uma evangélica em “O Rei das Manhãs”. Qual a leitura que você faz desse momento do país?
vemos um avanço conservador nocivo ao nosso desenvolvimento como uma sociedade democrática e igualitária. Eu acredito que devemos respeitar a religião e a liberdade individual de cada um, respeito sem interferência política.

Depois de um ano tão turbulento, acredita que 2017 poderá ser melhor?

Sempre acredito que pode ser melhor. Acredito e luto por isso. (P.H.S.)

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