Polícia Civil apura injúria racial contra casal gay de Miraí

Cristina Barroca - Hoje em Dia
29/09/2014 às 12:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:24
 (Facebook)

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"Ninguém tem o direito de julgar a vida do outro. Temos livre arbítrio e minha união não interfere na vida de niguém", desabafou a pedagoga Tatiani Arcanjo de Oliveira, de 33 anos, que afirma ter sido alvo de comentários preconceituosos em redes sociais, após a divulgação de uma notícia sobre seu casamento com Lumara Kery Rodrigues, de 22 anos. A Polícia Civil investiga o caso, que segue em segredo de Justiça a pedido do delegado responsável, Thiago Soares Martins, para esclarecer se houve o crime.

A união gay entre as duas mulheres aconteceu em 11 de setembro na cidade de Miraí, Zona da Mata mineira. Tatiani e Lumara registraram a ocorrência de injúria racial na Polícia Militar da cidade na terça-feira (23).

Militante da causa gay, Tatiani, a princípio, optou por não se pronunciar e nem dar repercussão ao caso, mas, motivada por resguardar o respeito à sua família, principalmente sua filha de 13 anos, ela decidiu, junto com sua companheira, a procurar as autoridades.  

"Quando li comentários que diziam não aceitar, mas respeitar a nossa união, não me importei. Mas quando comecei a ver algumas pessoas ironizando minha profissão e dizendo que não éramos abençoadas, decidi fazer alguma coisa", contou a pedagoga ao Hoje em Dia.

As vítimas foram ouvidas pela Polícia Civil na última semana e elas representaram contra cinco pessoas: três de Muriaé, uma de Juiz de Fora e outra do Rio de Janeiro. Por se tratar de pessoas que não residem em Miraí, elas devem ser ouvidas por carta precatória. A princípio estão sendo apuradas as denúncias de injúria racial, artigo 140, § 1º do Código Penal.

Tatiani fez questão de contar que faz um trabalho voluntário voltado para a educação de pessoas carentes na cidade de Miraí. Ela realiza eventos para arrecadar material escolar, kit de higiene pessoal e brinquedos para serem distribuidos nas comunidades.

"As pessoas não conhecem nossa luta e o que passamos para ficarmos juntas e assumirmos nosso relacionamento. Não sabem do meu trabalho e como ajudo pessoas que precisam de apoio", acrescentou a jovem se referindo a um perfil que ironizou o fato de ela ser pedagoga.  

A advogada das vítimas, Maria Hermínia Werneck, disse que trabalha no caso e que vai lutar pelos direitos de suas clientes. "Estamos tomando todas as providências legais cabíveis para resguardar a qualidade de cidadã e ser humano que merece respeito, como qualquer outra pessoa, independente de orientação sexual ou cor", afirmou a advogada.

 

 

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