Oscar: vitória do mexicano 'Roma' representará divisor de águas na indústria do cinema

Paulo Henrique Silva
22/02/2019 às 19:20.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:40
 (NETFLIX/DIVULGAÇÃO)

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 Um sotaque espanhol, no palco do Dolby Theater, em Los Angeles, durante o ponto máximo da cerimônia, será a senha para uma nova era na nonagenária história do Oscar, a maior premiação da indústria do cinema. Mais do que chamar a atenção para uma produção falada em espanhol e mixteco, de origem mexicana, uma vitória de “Roma”, na noite deste domingo, consagraria a entrada do <CF36>streaming</CF> entre os antigos barões do cinema. Antes da Netflix e de outras empresas de compartilhamento de filmes, os protagonistas sempre foram os mesmos, a partir de distribuidoras situadas na Califórnia, nos EUA, com a região de Hollywood como ícone deste cinema. Com o passar dos anos, várias delas ganharam novos donos, inclusive de capital estrangeiro, mas o modelo de negócio jamais foi alterado. É este temor pela mudança que pode dar o Oscar principal a “Green Book – O Guia”. O filme de Peter Farrelly venceu o prêmio do Sindicato dos Produtores dos Estados Unidos, tornando-se uma espécie de salvaguarda do formato clássico. Curiosamente, o filme faz uma leve defesa aos valores mais tradicionais.  MuroAssinado por um mexicano (Alfonso Cuarón, de “Gravidade”) e falado em espanhol – se confirmado o Oscar, será o primeiro a ganhar nesta língua –, “Roma” atrai holofotes num momento delicado de política exterior. Nos EUA, o tema que mais se discute atualmente é a construção de um muro na fronteira com o México. A invasão “chicana” já se desenhava nas últimas edições do Oscar, mas agora chega com a força de uma revolução no setor. É essa globalização que o cinema americano sempre viu com rabo de olho, protegendo os seus interesses, que definirá o futuro do Oscar e da indústria de cinema. O triunfo de “Roma” seria o maior símbolo da capitulação ao streaming. E, mesmo se não ganhar agora, novas tentativas serão feitas até que se consiga furar o bloqueio. Para 2020, por exemplo, está previsto outro páreo duro: “The Irishman”, de Martin Scorsese, produzido pela Netflix. N/A / N/A

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