Produto Interno Bruto de Minas encolhe 2,5%

Janaína Oliveira e Bruno Porto - Hoje em Dia
20/09/2014 às 08:16.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:16
 (Marcelo Prates/Hoje em Dia)

(Marcelo Prates/Hoje em Dia)

A economia mineira levou um tombo no segundo trimestre de 2014. Na comparação com o primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 2,5%. O resultado ruim foi puxado, principalmente, pela indústria, cuja retração chegou a 5% no período. A onda negativa contaminou até o setor de serviços, cuja queda foi de 1,1%. Agropecuária também registrou retração, de 0,5%.    Os dados de Minas, divulgados pelo Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (FJP), fazem eco ao pífio desempenho da economia do país, que atualmente passa pelo que os economistas chamam de recessão técnica. Conforme já mostrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro registrou duas quedas consecutivas: 0,6%, no 2º trimestre deste ano, e 0,2%, de janeiro a março. Em relação ao segundo trimestre de 2013, o PIB encolheu 0,9%.   Para a presidente da FJP, Marilena Chaves, as economias regionais, em diversos aspectos, são dependentes da política federal. E quando o país vai mal, acaba influenciando negativamente os estados. “Taxa de juros e câmbio são componentes importantes e estão vinculados à gestão macroeconômica. E o que se vê é um esgotamento dos instrumentos colocados. Crédito e estímulo ao consumo com redução de impostos já não surtem efeito”, diz.   Segundo ela, a maior preocupação é com relação à indústria, com queda de 5% no segundo trimestre. A construção civil, por exemplo, recuou 2,6% em Minas, e 2,9% no país. “É grave, pois esse setor alavanca outros segmentos importantes, como siderurgia e minerais não metálicos”, avalia Marilena.   O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, afirmou, por meio de nota, que a queda da indústria não é apenas conjuntural, mas tem fundamentos estruturais, relacionados aos altos custos de se produzir no Brasil, à baixa produtividade do trabalho e a uma série de fatores sistêmicos.    “Este quadro está inviabilizando a competitividade do setor”, diz o comunicado.   O professor do Ibmec Minas Ricardo Couto considera que, no caso específico de Minas Gerais, as condições de competição são mais adversas do que em outros estados.   “A carga tributária aqui é maior e o governo é muito duro nas renegociações de dívidas”, afirmou. Ele ainda destacou que, pelo perfil exportador, Minas acaba prejudicada pelo real valorizado frente ao dólar. Na análise do primeiro semestre deste ano, na comparação com igual período em 2013, a soma dos bens e serviços produzidos cresceu 0,3% em Minas e 0,5% no país. Nesta base de comparação, o maior baque foi sentido pela agropecuária, que, afetada pela seca, acumula queda de 2,5%.    Segundo a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, o mau desempenho pode ser explicado pela estiagem prolongada no Estado, com diminuição do rendimento da cana-de-açúcar, pastagens, grãos e, principalmente, café.    “Estimamos uma perda entre 30% e 40% na safra do café, um dos principais produtos da agricultura mineira”, afirma.     Setor de transportes foi o destaque positivo   Com alta de 5,9% no primeiro semestre deste ano em relação a igual intervalo de 2013, o setor de transportes foi a principal contribuição positiva para a elevação de 1,2% do PIB de serviços.    Puxado pelos setores de mineração, aços longos e cimento, o transporte de cargas em Minas sinaliza a manutenção do ambiente propício ao crescimento no decorrer do ano, apesar do clima de incertezas.   O diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg-MG), Márcio Afonso de Moraes, observa que, embora o setor atravesse um período de adequação a novas leis, ainda há forte demanda oriunda de importantes segmentos.    “Há grande demanda da mineração, especialmente.    Houve uma queda no preço do minério de ferro, mas não percebemos redução nos volumes transportados”, disse.   Mesmo em setores em que as adversidades do cenário econômico têm impactos mais severos, Moraes confia que os contratos, que são de longo prazo, ainda mantenham o setor em ritmo acelerado.

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