Autobiografia revela como vive a polêmica da jovem Christiane F.

Elemara Duarte - Hoje em Dia
17/08/2014 às 16:05.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:49
 (Marcel Mettelsiefen/Divulgação)

(Marcel Mettelsiefen/Divulgação)

Christiane F. vive. Com graves problemas de saúde decorrentes do uso intensivo de entorpecentes desde os 13 anos, a alemã lançou, ano passado, o livro “Eu, Christiane F., a Vida Apesar de Tudo” (Bertrand Brasil, 266 páginas, R$ 30), que chega agora às livrarias brasileiras. A publicação fala sobre Christiane Vera Felscherinow, a Christiane F., que inspirou um dos livros mais comentados entre as décadas de 1970 e 80: “Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída”, e que também virou filme.

“Este livro se baseia em recordações. Trinta e cinco anos depois, algumas permanecem vivas e outras se diluíram ou apresentam lacunas”, avisa ela, na abertura. O texto, em primeira pessoa, veio de mais de 400 horas de depoimento de Christiane, hoje com 52 anos, à jornalista Sonja Vukovic.

Ano passado, o livro foi lançado na Feira do Livro de Frankfurt, em uma das raras vezes em que Christiane falou aos jornalistas desde 2008. “Ela não confiava mais na imprensa – desde o dia em que o serviço de proteção à infância tirou-lhe a guarda do filho e a crônica social explorou sua dor na mídia”, lembra Sonja, no livro.

Foi por meio da imprensa que a alemã teve sua vida exposta ao mundo. Ainda adolescente, falou sobre sua situação de vício a dois jornalistas que faziam uma matéria sobre a degradante situação da juventude alemã. O depoimento virou base para o best-seller”.

Com base no livro, foi feito o filme homônimo, em 1981. O livro falava de três adolescentes que se prostituíam na estação do metrô para comprar drogas. Já o filme fez o recorte basicamente da vida da jovem viciada e filha de uma família desestruturada. Algo chocante para a época, mas de certa forma corriqueiro na sociedade atual.

Quantos relatos sairiam daí? Quantas “Christiane F.” nas páginas de polícia diariamente? Talvez poucas imaginem os pesados transtornos morais e físicos que a personagem da vida real precisou – e precisa – enfrentar para sobreviver.

A biografia fala das prisões e das recaídas que Christiane teve como usuária de vários tipos de drogas e medicamentos, inclusive, durante a fama proporcionada pelo livro e, depois, quando tentou ingressar na música e como consultora em Hollywood. Nada deu certo. O vício tomava conta de tudo. Hoje, Christiane mantém um blog na “Stern”, uma das mais importantes revistas alemãs, onde inclusive foi publicada a citada reportagem sobre ela, há mais de três décadas. A alemã que mostrou suas fraquezas ao mundo hoje também participa de campanhas anti-drogas. Uma fundação com o nome dela é outra aliada nesta sobrevida da sra. Christiane.

 

Confira alguns trechos

“Fibrose. Com 51 anos, estou à beira da cirrose. Desde 1989 meu fígado está permanentemente inflamado. Tenho hepatite C, genótipo 1A, a mais agressiva da Europa. Não tenho a menor ideia de onde nem quando contraí. (...) Tem dias que me sinto tão cansada por causa da fibrose que quase não fico consciente. (...) Nesses dias, como gostaria de nunca ter experimentado drogas”. (Cap. 1 – “Vida de Merda”)

“Várias vezes desci muito baixo na vida, mas provavelmente nunca como naquela viagem aos EUA. Quando peguei o avião, estava tomando 60 pílulas e 4 gramas de heroína por dia. É incrível, muita gente morre com menos do que isso. (...) Mandava para dentro Rohypnol como se fossem balas”. (Cap. 2 – “Toxitus”)

“Graças ao meu filho, perdi o hábito de ser pássaro da noite. Sabia perfeitamente que de manhã cedo ele ia estar de pé, ia querer seu chocolate e, nos finais de semana, seus desenhos animados”. (Cap. 9 – “Sequestros”)

“Atualmente, voltei a doses de 8 mililitros de metadona por dia. (...) Evitam que se sinta abstinência”. (Cap. 13 – “Um Passado Sem Futuro”)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por