Condenação exemplar

Hoje em Dia
09/03/2013 às 06:55.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:43

O goleiro Bruno, condenado a 22 anos de prisão, dos quais 17 anos e meio em regime fechado por homicídio triplamente qualificado, deverá permanecer na penitenciária pelos próximos três anos, no máximo, a menos que se recuse a trabalhar e não se comporte bem como prisioneiro. A acusação opinou que a pena é pequena e vai recorrer ao Tribunal de Justiça para tentar aumentá-la.

O importante é que se fez justiça num caso de grande repercussão. Mesmo que a permanência atrás das grades do ex-goleiro do Flamengo possa parecer pequena diante da gravidade de sua culpa no assassinato de Eliza Samudio, mãe de um filho de Bruno, o crime não ficará impune.

O atleta decidiu pela morte da mulher no momento em que estava no auge da sua carreira, ganhando muito dinheiro. Isso acabou. Se Bruno houvesse concordado com o que Eliza pedia, teria lhe saído bem menos caro. A sociedade pode ver em Bruno uma confirmação exemplar do velho adágio de que “o crime não compensa”.

Uma coincidência feliz que a sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues tenha sido lida quando se comemora mais um Dia Internacional da Mulher. O júri formado por cinco mulheres e dois homens absolveu Dayanne Rodrigues. Deve ter ficado claro, para a maioria dos jurados, que a ex-mulher de Bruno era também uma vítima. O promotor de Justiça Henry Vasconcelos pediu sua absolvição da acusação de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio, alegando a “situação insuportável e o nível de constrangimento e pressão que ela sofria por parte de Zezé”.

Zezé é o apelido de José Lauriano Assis Filho, que na época do crime era policial civil na ativa e que está hoje aposentado. Ele é agora investigado por participação no assassinato de Eliza, e o depoimento de Dayanne será importante para sua condenação. O caso está ainda longe de terminar. O próximo julgamento é do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Antes, o amigo Luiz Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão.

Para essa quadrilha liderada por Bruno, matar uma mulher indefesa devia parecer algo bem aceitável numa sociedade ainda machista e cruel com as mulheres. Estudo do Instituto Avante Brasil (IAB), com base em dados do Datasus, do Ministério da Saúde, revela que a cada mês são assassinadas em média 372 mulheres no país. Mudar essa cultura exige muito esforço de todos. Se a morte de Eliza e a condenação de Bruno puderem ajudar, ela não terá morrido em vão.

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