Manifestações legítimas não podem ser associadas a atos de vandalismo

Hoje em Dia
12/02/2014 às 07:49.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:58
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia/Arquivo)

(Carlos Rhienck/Hoje em Dia/Arquivo)

Nas mãos, o perigoso coquetel de molotov, arma química incendiária. No rosto, máscaras para garantir o anonimato. E, na mente, o desejo por tumulto e desordem. Infiltrados, os adeptos do black bloc, uma estratégia rebelde de protesto, têm transformado o legítimo verde e amarelo das manifestações em cinza, acompanhado de estampidos de bombas, corre-corre e depredação.   “Os movimentos sociais e os partidos políticos não podem ser condescendentes com os black blocs. Julgar a ação deles como uma forma de protesto é uma ofensa a quem realmente luta por causas sociais justas. É por causa deles que a resposta violenta da polícia acaba ferindo inocentes”, aponta o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, Gilberto Maringoni.   O professor reforça que as grandes mobilizações de massa do século 20 foram vitoriosas sem a necessidade de violência. “A grande greve de 1917, que parou São Paulo, nos anos 80 o movimento estudantil, greves do ABC e Diretas Já, o Fora Collor em 1992, enfim. São vários exemplos que não usaram uma brutalidade inútil”, acrescenta.   Para Maringoni, cabe às comissões e lideranças dos movimentos isolar esses “baderneiros”. “Se deixar para a polícia resolver vão todos apanhar”, diz ele, que ainda faz questão de lamentar a morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos, atingido por rojão durante protestos no Rio de Janeiro. “Deve ficar como um marco para o movimento popular. O marco de que não é mais possível ser condescendente com quem cobre o rosto”.   Reflexão   Na opinião do secretário de Estado de Defesa Social de Minas, Rômulo Ferraz, a morte do cinegrafista vai levar as autoridades a uma reflexão para trabalhos de inteligência e de prevenção para a Copa do Mundo. “A tristeza e o choque desse episódio deixam lições, porque determinados segmentos vinham incentivando essas manifestações, que foram evoluindo em seu grau de agressividade, houve perda de objetivo”, avaliou.   Para o gestor, a própria PM no país está sofrendo com as manifestações violentas. “Os militares estão na linha de frente, alvos dos ataques desses grupos que se dizem anarquistas, que não têm foco”. Perto do Mundial, as forças policiais mineiras devem pedir medidas cautelares e prisões preventivas de quem estiver planejando baderna durante os protestos.

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