(Chicago Tribune Archives)
Belo Horizonte conta atualmente com uma frota de veículos de aproximadamente 1,5 milhão de carros se espremendo nas ruas. Mas, em 1908, dirigir por BH era o máximo da exclusividade. Naquele ano, trafegou pelas ruas da capital mineira o primeiro automóvel, um Pope-Hartford, que, segundo o livro “Notas Cronológicas de Belo Horizonte”, pertencia à empresa Trajano Medeiros. Conta o livro que o modelo desfilou pelas ruas de Belo Horizonte tendo J. Martins Pena como motorista e o então prefeito, Benjamin Jacob, como passageiro. O Pope-Hartford era um automóvel fabricado pela norte-americana Pope Manufacturing Company, grupo que adquiriu diversos pequenos fabricantes, e criou as marcas Pope-Toledo, Pope-Robinson e Pope-Hartford. Esta última produziu automóveis entre 1903 e 1914. O Hartford era a divisão mais sofisticada da companhia fundada em 1877 pelo coronel Albert Augustus Pope, e que iniciou suas atividades como fabricante de bicicletas. O modelo já oferecia motor de alto desempenho, para os padrões da época, de 10 hp. Era equipado com comando de válvulas no cabeçote e contava com refrigeração a água. O Hartford teve diversas configurações de carroceria durante o período em que esteve em produção, inclusive versões de competição. Difícil é saber qual era o ano e versão específica da unidade adquirida pela Trajano Medeiros, já que, até 1907, o Pope-Hartford já tinha colocado no mercado pelo menos cinco modelos, além do original, que evoluíram rapidamente, ganhando novos motores que saltaram de dois para quatro cilindros, design mais refinado (menos parecido com uma carruagem motorizada e com formas mais próximas do padrão convencional dos automóveis). A Pope foi o primeiro conglomerado automotivo dos Estados Unidos, e as causas para o promissor império do coronel Pope não ter decolado é atribuída à sua morte, em 1909.