Defesa abandona plenário e júri do Massacre do Carandiru é cancelado

Marina Gama Cubas e Reynaldo Turollo Jr. - Folhapress
18/02/2014 às 17:04.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:06

SÃO PAULO - O advogado Celso Vendramini, que defende os 15 policiais militares acusados de matar oito presos do Massacre do Carandiru, abandonou o plenário na tarde desta terça-feira (18), enquanto ocorria o interrogatório dos réus. Com isso, o juiz Tellini de Aguirre Camargo suspendeu o julgamento.    O conselho de sentença foi dissolvido, segundo o Tribunal de Justiça. Dessa forma, tudo que foi feito nesses dois dias de júri é cancelado e uma nova data ainda será definida para que o julgamento recomece.    Vendramini abandonou o júri quando Arivaldo Sérgio Salgado, comandante da tropa do Comando de Operações Especiais (COE), prestava depoimento à Promotoria. Ele relatava como foi a operação de sua tropa no terceiro andar da Casa de Detenção do Carandiru.    O advogado irritou-se porque um promotor estava lendo trechos de um depoimento antigo de Salgado, sem fazer perguntas. A defesa então pediu a intervenção do juiz, que não acatou. Irritado, Vendramini avisou que abandonaria o plenário e se retirou. Já fora do plenário, ele disse que o juiz está sendo parcial.    "Os advogados não têm o costume de fazer isso. Foi uma afronta, um desrespeito a lei, desrespeito à sociedade em geral. Realmente lamentável", afirmou o promotor Eduardo Olavo Canto Neto. "Ele percebeu que o plenário caminhava para a solução que ele não gostaria que acontecesse e optou por abandonar", afirmou outro promotor, Marcio Friggi.    Desde segunda-feira, defesa e Promotoria têm se desentendido. O Ministério Público se queixou no primeiro dia de júri que o advogado estaria sendo desrespeitoso com as testemunhas. A acusação chegou a interromper o interrogatório de Moacir dos Santos, ex-diretor de segurança e disciplina do Carandiru.    Esse é o terceiro julgamento de policiais envolvidos no massacre. Em abril de 2013, 23 PMs que entraram no primeiro andar do prédio foram condenados a 156 anos de prisão cada um, e outros três foram absolvidos. Na segunda etapa, em agosto, 25 PMs receberam pena de 624 anos.

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