Juros tiram atratividade do financiamento de veículos

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
26/06/2014 às 07:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:09
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A compra do carro zero quilômetro fica atrás somente da compra da casa própria no ranking de sonhos de consumo dos brasileiros. Mas, com a recente escalada dos juros, esse sonho pode se transformar em pesadelo para quem recorrer ao financiamento.

Um modelo no valor de R$ 35 mil, financiado em 48 vezes, por exemplo, está, hoje, R$ 9.666,56 mais caro –ou 27,61%– quando comparado ao financiamento realizado com as taxas de junho do ano passado, de 1,53% por mês.

Com a taxa média atual de 1,80% ao mês, o total pago será de R$ 52.566,24. Em miúdos: R$ 17.566,24 (50,18%) de peso extra no bolso na comparação com o preço de tabela do veículo.

“Nesse caso, a pessoa acaba pagando por um financiamento e meio, mas leva só um carro. É mais interessante adiar a compra e tentar juntar mais dinheiro para dar de entrada ou comprar à vista”, afirma o professor de Macroeconomia do Centro Universitário Una, Paulo César Machado Feitosa.

Cuidados

Segundo ele, é preciso prestar atenção, também, às armadilhas escondidas na publicidade das montadoras e concessionárias. Principalmente, aquelas que anunciam juro zero.

“A informação que precisa ser passada é a do Custo Efetivo Total (CET), porque os juros são apenas uma parcela dele. O CET inclui Imposto sobre Operações de Crédito (IOF), cobrado pelo governo independentemente da taxa de juro, e outras tarifas, como a de elaboração de cadastro”, diz.

Outro agravante, no caso dos financiamentos de longo prazo, é a instabilidade econômica e o risco de desemprego. Na avaliação do professor, não é preciso temer uma depressão, mas ter cautela antes de assumir compromissos sem planejamento.
“Uma coisa que ninguém lembra é que carro tem gastos com IPVA, manutenção, combustível”, afirma Feitosa.

Consumo consciente

Para o doutor em Administração e professor do Ibmec/MG Marcos Antônio Camargos, a decisão de compra geralmente sofre interferência de diversos fatores, inclusive, emocionais. Mas ele ressalta que, neste momento, o financiamento automotivo não é uma escolha racionalmente adequada.

“E as pessoas estão começando a pensar nisso. Não é à toa que as vendas estão caindo”, disse.

Uma alternativa para quem não quer abrir mão de trocar de carro, mas não dispõe da quantia suficiente para comprar à vista, é aplicar o dinheiro que seria usado nas prestações do financiamento e utilizá-lo como entrada, diminuindo o valor do crédito contratado.

“Dessa maneira, fica mais fácil negociar alguma coisa e é melhor do que pagar de 13% a 15% de juros ao ano. O consumidor pode até comprar à vista e tentar preços melhores”, afirma o professor do Ibmec/MG Marcos Antônio Camargos.

Alerta

De acordo com o professor de Macroeconomia do Centro Universitário UNA, Paulo César Machado Feitosa, uma boa opção de investimento são os títulos do tesouro e as aplicações isentas de cobrança de Imposto de Renda.

“A pessoa também pode analisar a possibilidade de aplicar em letras imobiliárias ou do agronegócio, por exemplo. A questão é que estamos vivendo um período em que, para não deixar as expectativas inflacionárias tomarem conta, teremos políticas que favorecerão o aumento dos juros”, diz Feitosa.

Para ele, mesmo que esse movimento não aconteça até as eleições presidenciais, em outubro, provavelmente ocorrerá na sequência, para derrubar a inflação em 2015, independentemente do resultado das urnas.

“O que significa que o ano que vem, provavelmente, também não será um momento muito oportuno para o financiamento de veículos”, afirma.
 

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