Comerciantes se preparam para suspender atividades, e lojistas darão férias

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
19/03/2020 às 21:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:01
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil, suspendendo a partir de hoje, em toda a cidade, o funcionamento de estabelecimentos com potencial para aglomerar pessoas – como bares, restaurantes e shoppings –, impôs, apesar de sua importância diante da pandemia da Covid-19, prejuízos ainda incalculáveis para os setores atingidos. Ontem, contudo, a expectativa pelos impactos de medidas de tal natureza na economia da capital cresceu ainda mais.

Alegando momento de “calamidade pública”, O Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), que representa 35 mil estabelecimentos na Grande BH, assinou convenção coletiva de trabalho com a entidade que congrega comerciários, prevendo a concessão de férias coletivas, por 28 dias, também a partir desta sexta-feira, aos colaboradores desses estabelecimentos.

A expectativa é a de que, com a previsão do pagamento das férias antecipadas – divididas em três parcelas, na data do aviso, em 7 de abril e em 7 de maio –, tanto patrões quanto empregados não hesitem em paralisar as atividades. 

“É uma medida até para proteger o emprego, para evitar o aumento do desemprego. Os empregadores, nesta época, estão buscando alternativas para os reflexos do coronavírus. Essas férias coletivas seriam uma dessas alternativas”, explicou Danielle Rocha, gerente executiva do Sindlojas.
 

Antecipação

Muitas lojas de Belo Horizonte que não foram diretamente afetadas pelo decreto 17.304, da PBH, limitado a negócios e atividades específicos, decidiram fechar as portas ontem mesmo, por conta própria. 

A medida foi adotada, portanto, na véspera de a ordem municipal entrar em vigor e antes mesmo da assinatura da convenção prevendo férias coletivas aos comerciários.  

Em apenas um quarteirão da rua Padre Eustáquio, uma das principais vias comerciais da região Noroeste e da própria cidade, quatro lojas de moda feminina não abriram na quinta-feira. Outras farão o mesmo a partir de hoje.

A proprietária da Magia Indiana, Adriana Lorenzin, diz que a decisão de não funcionar, desde ontem, levou em conta “a segurança pela saúde de todos”. Ela planejava abrir a loja na próxima segunda-feira, mas não descartava a hipótese de permanecer como está, dependendo da propagação do vírus.

A dona da Essencial Moda, Sandra Coelho, mostrava-se receosa com o que pode vir pela frente. Ela abriu a loja ontem, mas não fará o mesmo hoje. “Não há clientes. Poucas pessoas entraram aqui. Minha funcionária pega ônibus. Preciso preservar a saúde dela e a das clientes. Vou trabalhar em casa, expondo peças nas redes sociais”.

 Bares e restaurantes buscam alternativas para ‘sobreviver’ Um dia depois de o prefeito Alexandre Kalil (PSD) assinar decreto suspendendo ou limitando por tempo indeterminado várias atividades comerciais em Belo Horizonte, donos de bares e restaurantes se apressaram em planejar o funcionamento dos estabelecimentos para esta sexta-feira em diante.

Entre as medidas para amenizar perdas e reduzir custos, estão férias coletivas, substituição do self-service ou do prato feito (PF) por marmitex e fomento nas vendas por aplicativos. 

As rígidas regras determinadas por Kalil levaram o próprio prefeito, durante uma live na tarde de ontem numa rede social, a pedir desculpas aos empresários e à população. Ele, contudo, sinalizou que estuda a possibilidade de amenizar o prejuízo do varejo em BH: “Já estamos em reuniões para ver como aliviar estas medidas duras e impopulares”. 

Enquanto isso, cada empresário se vira como pode. Já que não será possível receber os clientes em mesas calçadas, bares vão improvisar balcões, na entrada dos empreendimentos, impedindo o ingresso dos fregueses. 

Joyce Peixoto, dona do restaurante Divino Sabor, na região Noroeste da capital, informou que irá conceder férias coletivas a nove dos 11 funcionários e vai trocar o self-service pela venda de marmitex. “Foi a fórmula para não fechar”.

A mudança veio com uma despesa a mais: “Precisei contratar um motoboy para as entregas”. Desde o início da semana, quando foram noticiados os primeiros casos da doença em BH, Joyce registrou queda de 40% nas vendas. 

  

Para “preservar empregos”, decreto publicado ontem adia a cobrança de várias taxas de fiscalização e de três parcelas do IPTU de estabelecimentos que ficarão fechados em BH, dando um “alívio” momentâneo de R$ 140 mi aos donos dos negócios

  

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