Água 'mais pesada' em cidade mineira garantiu segunda medalha a Isaquias

Bruno Moreno
Enviado especial
19/08/2016 às 10:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:27
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

RIO DE JANEIRO – A água de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi decisiva para as medalhas de prata e bronze já conquistadas pelo baiano Isaquias Queiroz nos Jogos Olímpicos.

O canoísta foi ao pódio nas modalidades C1 1.000m e C1 200m, respectivamente, e a partir de hoje busca o ouro na C2 1.000m, ao lado do parceiro Erlon Silva.

Na manhã de ontem, Isaquias agradeceu à população e à prefeitura da cidade mineira. A administração municipal permitiu a utilização exclusiva do espelho d’água para o treinamento da equipe masculina de canoagem. “Foi muito especial para a gente, porque todo mundo nos acolheu, e a Polícia Militar nos deixou guardar o equipamento no quartel, onde era mais seguro”, destacou o atleta.
 
Após dois anos morando e treinando em Lagoa Santa, Isaquias garante que a densidade da água na cidade o ajudou a superar os adversários. “A água lá é mais pesada do que aqui (na lagoa Rodrigo de Freitas). Enquanto eu sentia leve (na prova), alguns atletas sentiam mais de dificuldade para remar”, avaliou.

Meta ousada

Com o bronze na C1 200m, o canoísta entrou para o seleto time de brasileiros com dois pódios em uma mesma edição dos Jogos. Mas ele ainda não está satisfeito. Se garantir a vaga na final do C2 1.000m hoje, disputará a final amanhã com a chance de se tornar o único atleta do país a conquistar três medalhas em uma mesma Olimpíada.

Mesmo se o plano não der certo, o antes desconhecido atleta já virou uma estrela no Rio. Ontem, após a premiação, o canoísta atendeu pacientemente aos pedidos de autógrafos e fotos, e só não continuou “na galera” porque os organizadores e assessores de imprensa pediram que ele se resguardasse.

“Já deu para sentir um pouco esse negócio de ser um ídolo dos brasileiros. Ontem (quarta-feira) eu saí na rua para ir à academia, e começaram a me parar para tirar fotos. Meu técnico teve que me arrastar. Eu agradeço muito a todo o público que veio para prestigiar a canoagem. É muito legal ver a torcida gritando o nome do Brasil aqui na lagoa”, ressaltou o atleta.

Água Salgada

Ao fim dos 200m, ontem, Isaquias se jogou na água da lagoa Rodrigo de Freitas, demonstrando decepção e até raiva com o próprio desempenho, antes de saber o resultado – havia largado mal e cruzado a linha “empatado” com mais de um concorrente.

Depois da premiação, um jornalista estrangeiro o questionou a respeito da qualidade da água, uma das principais polêmicas antes dos Jogos. “A água da lagoa é bem salgada. Eu morei e treinei no Rio de Janeiro por dois anos. Quando a gente chegou, vi que a água estava mais limpa do que quando a gente costumava treinar aqui”, disse.

“Em agosto do ano passado, no evento-teste, tinha muito problema de mato na água. Quando cheguei, agora, vi que não tinha mais. A condição estava muito boa. Não me importei com isso, e acredito que não esteja tão poluída. Se estivesse, eu já teria ficado doente há muito tempo”, avaliou o medalhista.

Reviravolta

Na final do C1 200m, Isaquias fez uma largada bastante ruim, e parecia que não levaria nem o bronze. 

Na chegada, contudo, o baiano jogou a canoa à frente com o balanço do corpo e consegui “roubar” a medalha do espanhol Alfonso Benavides, que fechou o percurso apenas 0,021 segundo após o brasileiro.

O ucraniano Iuril Cheban venceu a prova com 39,279, seguido por Valentin Demyanenko (Azerbaijão), que cruzou a linha 0,214 segundo depois.

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