Um balão de oxigênio para a usiminas

15/06/2016 às 21:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:55

O pré-acordo da dívida fechado pela Usiminas com os bancos (leia matéria ao lado) trouxe algumas boas surpresas. A primeira é o prazo de carência. Três anos para iniciar a amortização representa um balão de oxigênio para que a empresa possa atravessar o atual ciclo de depressão mundial do setor siderúrgico sem comprometer por demais sua já abalada saúde financeira.

A segunda são os juros que, segundo fontes internas, foram estabelecidos em duríssima negociação com os bancos credores (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, mais o BNDES, que ainda não aprovou o acordo mas estaria prestes a fazê-lo). Se for confirmada a informação de CDI mais 2,5% (não se trata de informação oficial, mas de fonte crível), a Usiminas terá alcançado uma condição excepcional de rolagem para um país que pratica as mais altas taxas bancárias do mundo. Hoje, para empresas de grande porte, a oferta de largada dos bancos seria de, no mínimo, CDI mais 4,5% ao ano.

O sol voltou a brilhar, mesmo que o setor siderúrgico atravesse a pior tempestade da história


E a terceira boa surpresa, o prazo de pagamento, que acontecerá em 10 anos no total. Como nos dois primeiros anos as amortizações previstas são menores que nos seguintes (5% do principal no primeiro e 10% no segundo), o colchão de folga financeira para a empresa será, na verdade, de cinco anos. Trata-se de tempo suficiente para que a curva de preços e demanda mundiais bata no fundo do poço e volte a subir, o que aponta para uma coincidência entre a recuperação futura da geração de caixa da empresa e o vencimento do grosso dos compromissos com os bancos.

Trata-se de uma projeção que, logicamente, pode não se realizar por conta da novidade que é a desaceleração da economia chinesa, que não se sabe até que ponto modificará a dinâmica do setor. Mas como o setor siderúrgico sempre funcionou no regime de ciclos de altas e baixas, que duram entre quatro e cinco anos, é essa a expectativa daqueles que negociaram o acordo.

O sol, então, volta a brilhar para a Usiminas, mesmo que o setor siderúrgico ainda atravesse a pior tempestade de sua história. O piloto das mudanças, o ex-presidente Romel Erwin de Souza, deixou para seu sucessor, Sérgio Leite, que assumiu há menos de um mês, uma empresa, ao menos, com um rumo e financeiramente administrável.

A folga financeira será de cinco anos, tempo suficiente para que preços batam no fundo do poço e voltem a subir

Além do alongamento da dívida, está prevista para a primeira quinzena de julho a conclusão da operação de aumento de capital que reforçará o caixa da empresa em R$ 1 bilhão.

Outro R$ 1,2 bilhão poderá ser transferido do caixa da Mineração Usiminas (Musa) para a siderúrgica, o que depende apenas de acordo com o sócio na mina, a japonesa Sumitomo. Além disso, operacionalmente a empresa já cortou o que precisava. Desligou a área de redução da unidade de Cubatão (antiga Cosipa), que vinha queimando entre R$ 40 e R$ 50 milhões ao mês do caixa da Usiminas, e um alto-forno em Ipatinga. Que venham, então, dias melhores.

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