Uma extensão equivalente a quase dois mil campos de futebol da área de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça – terceiro maior parque em regiões urbanas do país, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte – pode ser destruída para expansão da malha urbana de Ibirité.   Na última segunda-feira (10), a prefeitura do município da Grande BH, apresentou o projeto em reunião do Conselho Consultivo do Rola-Moça, solicitando a diminuição de 1.800 hectares da área de amortecimento do parque, que totaliza 3.941 hectares, o que já causa preocupação às associações protetoras do meio ambiente.   No encontro, o diretor de áreas protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri Collet, destacou que a alteração, caso seja aprovada, pode abrir precedentes para outras cidades com reservas ambientais fazerem o mesmo.    Na próxima semana, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) irá visitar o local para fazer uma análise técnica sobre a viabilidade do projeto apresentado.   Para ser aprovado, além do aval do Conselho Consultivo, a proposta precisará do parecer da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, além de ser submetida ainda ao crivo da Câmara de Proteção à Biodiversidade (CPB).    A prefeitura de Ibirité informou que a consulta foi feita por solicitação de proprietários de áreas rurais localizadas dentro da área de amortecimento do parque.   Proteção   Essas áreas são consideradas “zonas tampão” por protegerem as reservas de interferências externas, como ruídos, poluição, deslocamento de espécies e até a interferência humana. A diminuição desses pontos, segundo o biólogo da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Francisco Mourão, permitiria a destruição de ambientes naturais na base da Serra, constituídos, na maioria, por Mata Atlântica. “Consequências graves à biodiversidade do parque podem ser causadas, interferindo na sobrevivência da fauna silvestre”. A expansão urbana em Ibirité já afetou parte da área de amortecimento da reserva ambiental. O loteamento Barreirinho está próximo dos limites do parque. “Por determinação legal, esse local não pode ser transformado em área urbana. É um instrumento importante para evitar o crescimento das áreas urbanas em direção às de preservação. O problema é que, hoje, mineradoras e setores imobiliários e agropecuários estão pressionando os municípios para a redução dessas áreas”, afirmou Mourão.  A prefeitura alega que o Plano de Manejo do IEF não levou em consideração o Plano Diretor da cidade, sendo o loteamento legalizado.   Protesto neste sábado no Jardim Canadá   Neste sábado, às 9 horas, uma manifestação em prol da proteção das áreas verdes deve tomar do Jardim Canadá, na entrada do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça.  O objetivo é alertar sobre os impactos da possível diminuição da área de amortecimento. Os participantes vão denunciar também a continuidade do loteamento Barreirinho.   Uma petição pública no site Avaaz (secure.avaaz.org), com o mesmo objetivo, já conta com 688 assinaturas.    A iniciativa é da Amda.

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