“Os Dias com Ele” traz imagens raras para 16º Festival de Tiradentes

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
20/01/2013 às 11:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:48
 (Divulgação)

(Divulgação)

Com as facilidades proporcionadas pelo digital, a produção de documentários já ocupa 40% entre os lançamentos nacionais, segundo dados da Agência Nacional de Cinema, e uma parte cada vez maior destes filmes tem a assinatura dos parentes dos cinebiografados.

Uma das atrações da 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, “Os Dias com Ele”, com exibição nesta quinta-feira, aborda a relação da diretora Maria Clara Escobar com o seu pai, o intelectual brasileiro Carlos Henrique Escobar, preso e torturado durante a ditadura militar.

“É uma característica dessa minha geração, que vem questionando um pouco qual é o sentido da História. Rompem-se os limites entre o pessoal e o histórico, que passam a ter a mesma importância. No meu caso, é uma questão fundamentalmente geracional”, observa Maria Clara.

Semelhanças


Outros dois filmes focam tema semelhante, detendo-se em militantes de movimentos contra a ditadura: “Diário de uma Busca”, de Flávia Castro, sobre o seu pai, o jornalista Celso Afonso de Castro; e “Marighella”, de Isa Grinspum Ferraz, que relata a história do tio e líder comunista Carlos Marighella.

Não é só a política que leva parentes a revisitar personalidades na tela grande. O sobrinho César Oiticica Filho lançou, no ano passado, filme sobre o artista plástico Hélio Oiticica, vencedor do prêmio de melhor documentário do Festival do Rio. “É fruto da necessidade de um país sem memória”, assinala o diretor.

César destaca que, durante a pesquisa para o filme, encontrou imagens raras de seu tio que deveriam ser escaneadas e guardadas numa cinemateca. “Devia ser feito um plano federal para isso. No lugar de as agências criarem burocracia para os filmes, deveriam estar atentos para essa criação de memória”.



Os filmes têm, segundo César, a função de lembrar a relevância desses personagens, evitando assim que os acervos “virem pó”. E cita como exemplo o seu tio: “Apesar de ser um dos mais artistas mais importantes da segunda metade do século 20, 95% da população desconhece quem foi Hélio Oiticica”, justifica.

No caso de Maria Clara, o interesse não era tornar seu pai conhecido. Em primeiro lugar, ela buscou “desvendar” alguém de quem só teve acesso pelo importante papel na História. “Fui lá para buscar uma nova imagem dele. Quando você tem a lembrança de uma pessoa, o que temos é uma imagem congelada”, afirma a cineasta, que tem uma relação distante com o pai.

 

 

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por