(Pat Albuquerque)
Aquele espírito de gafieira não precisa estar restrito a alguns salões do Rio de Janeiro ou na lembrança dos que têm saudades dos tempos em que a dança a dois era mais valorizada. O grupo belo-horizontino Senta a Pua! trouxe de volta as sonoridades da gafieira, mas sem se apegar à nostalgia. Seu primeiro álbum, “Baile”, é totalmente contemporâneo e autoral.
O disco terá lançamento esta noite, no Granfinos, contando com nove instrumentistas no palco – o normal é a banda se apresentar com seis. No repertório do álbum, seis faixas assinadas pelo violonista Rodrigo Torino e outras assinadas pelo trombonista Leonardo Brasilino e pelo cavaquinista Pablo Malta.
Há ainda uma composição de Eduardo Neves (músico carioca convidado para a produção e desenvolvimento dos arranjos) e uma homenagem a Paulo Moura (falecido saxofonista e clarinetista), por meio da música “Pro Paulo”, do prestigiado arranjador Chico Chagas.
“Essa história começou em 2006, quando fui ao Rio para fazer uma imersão com mestres do choro, especialmente o Maurício Carrilho. Eu já tocava samba de raiz e choro e voltei para Belo Horizonte querendo fazer gafieira”, conta Rodrigo Torino, que reuniu os amigos para montar a banda.
Recepção
Com uma proposta autoral, o Senta a Pua! teve uma ótima recepção pelo público que gosta de dançar. Houve uma bem-sucedida temporada de shows de gafieira no Espaço CentoeQuatro e, em 2012, por meio de um projeto com recursos da Lei Municipal de Cultura, a banda fez uma itinerância por vários espaços da cidade. O grupo teve ainda duas passagens pelo “Conexão”.
A consequência foi um público heterogêneo, formado por frequentadores de aulas de dança de salão e admiradores da música instrumental. “Não buscamos o saudosismo, mas agradamos a diferentes públicos. Fizemos um ‘Minas ao Luar’ em Ribeirão das Neves e transformamos a praça em um baile a céu aberto”.
O primeiro álbum demorou sete anos para sair, mas Torino garante que veio da maneira certa. “Agora o trabalho está maduro. O disco foi muito bem arranjado, tocado e gravado. Foi um trabalho construído aos poucos, dentro das nossas condições”.