Má iluminação deixa ruas da Serra no escuro

Letícia Alves - Hoje em Dia
30/07/2014 às 08:04.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:34
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

No escuro. É assim que moradores da Serra, na zona Sul de Belo Horizonte, sentem-se ao passar em algumas ruas. Com iluminação fraca ou quase inexistente, o breu é um convite a crimes, principalmente assaltos. Além de escuras, as ruas ficam desertas, já que a maioria das pessoas evita passar por elas.    Segundo moradores, alguns exemplos do problema podem ser encontrados em trechos das ruas Bernardo Figueiredo, Pirapetinga, Caetano Dias, Carolina Figueiredo, Monte Sião, Amapá, Dona Salvadora, Joanésia e Itapemirim.   A aposentada Silvana Cláudia da Paixão, de 56 anos, disse que há várias ruas pouco iluminadas no bairro e que nelas há consumo de drogas e que os assaltos são frequentes. Uma irmã, uma amiga e o filho foram vítimas recentemente. “Minha irmã foi assaltada. Uma amiga foi seguida e não aconteceu nada mais grave porque ela correu e entrou em uma loja. Também já tentaram levar a bicicleta do meu filho duas vezes, mas os ladrões tomaram uma surra”, afirmou.    Para evitar problemas, Silvana não anda em ruas com pouca iluminação. “A polícia não está presente e poucas pessoas circulam por esses locais. Todo mundo aqui evita”.    Maria Judite Vieira de Barros Puça, de 55 anos, preocupa-se com a volta das duas filhas para casa à noite, após o trabalho. “Eu fico perguntando pelo telefone a que horas vão chegar para ficar na janela olhando”. Segundo ela, há várias ruas com iluminação inadequada ou inexistente. “É muito escuro. A luz é fraca e tem lugar que não há nada”, disse.   Já a arquiteta Cinta Vilela, de 30 anos, que trabalha na rua Pirapetinga, muitas vezes prefere dar a volta pela avenida do Contorno para não andar em trechos na penumbra. “É muito escuro e perigoso. Não ando aqui sozinha.    São vários os casos de assaltos a pedestres e carros”, conta. O colega de trabalho Rodrigo Louzi, de 19 anos, também tem receio de andar pelo bairro. Para não correr o risco de ser roubado, ele acelera o passo. “Desço a rua embalado. Tomo muito cuidado. Tem cem metros da Pirapetinga que são extremamente perigosos”   Solução   Segundo o vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, o problema poderá ser amenizado com o uso da tecnologia Led. “O uso de lâmpadas desse tipo traz grandes vantagens. Duram dez vezes mais que as comuns, têm maior poder de iluminação e não contaminam o meio ambiente”.    No entanto, o grande desafio será trocar os atuais 178 mil pontos de iluminação públicos pela nova tecnologia, cujo custo está estimado em R$ 300 milhões. Ainda não há previsão para esse investimento. Malheiros acredita que, a partir de dezembro, com a transferência total da responsabilidade pela iluminação pública para o município, a troca seja realizada por meio de parceria público-privada.    Com a mudança, a cidade deverá economizar no consumo e na manutenção. Hoje, são gastos R$ 30 milhões por ano apenas para pagar o consumo de energia nos espaços públicos, segundo o vice-prefeito.    Divisão das responsabilidades   A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) é responsável pela implantação de novos projetos de melhoria da iluminação pública na cidade. As demandas são repassadas à Cemig.    A manutenção, que inclui correção de defeitos e falhas, também fica a cargo da empresa.    As reclamações podem ser feitas por meio do site www.cemig.com.br ou pelo telefone 116.   Problema se estende por toda a cidade    A iluminação pública não é um problema apenas no bairro Serra, mas de toda a cidade, de acordo com a arquiteta e urbanista Du Leal. Ela explica que isso acontece porque os pontos de luz são feitos para clarear a pista, ou seja, para os veículos – não para o pedestre. Segundo ela, os padrões internacionais não se adequam à realidade brasileira, principalmente pela grande presença de árvores nas ruas.    Para resolver o problema, a arquiteta sugere a instalação de pontos de iluminação para pedestres, que deveriam m ficar a cerca de quatro metros do solo, abaixo da copa das árvores. Hoje, os pontos ficam a cerca de oito a 15 metros do chão. “Com essa adaptação, as calçadas ficariam iluminadas, dando mais segurança para quem passa pelas ruas. O que há em Belo Horizonte é uma iluminação voltada apenas para os carros”, critica.    Bairros   Outros bairros como o Buritis, na zona Oeste, e o Anchieta, na Sul, também têm problemas de iluminação. No Buritis, a diretora de vendas Terezinha Silva, de 47 anos, afirma que as ruas Marco Aurélio de Miranda e Tereza Mota Valadares são exemplos de lugares mal iluminados. “Eu evito sair à noite. Acho essas ruas daqui muito escuras. É perigoso porque tem muitos assaltos”.   A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que, desde 1992, colocou à disposição o sistema de iluminação em dois níveis, sendo o primeiro para a pista de rolamento e o segundo para as calçadas. No entanto, de acordo com a empresa, a instalação de qualquer um deles depende de projeto das prefeituras, que são responsáveis pela gestão dos recursos financeiros do sistema de iluminação pública.

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