Frei Betto volta a BH para lançar mais dois livros

Elemara Duarte - Hoje em Dia
04/08/2015 às 06:28.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:12
 (Jackson Romanelli)

(Jackson Romanelli)

Aos 70 anos, Frei Betto admite: está, sim, mais “crítico”. O frade dominicano e escritor vem à sua cidade natal, nesta terça-feira (4), para lançar os livros “Paraíso Perdido: Viagens ao Mundo Socialista” (Rocco, 525 páginas, R$39,50) e “Um Deus Muito Humano: Um Novo Olhar Sobre Jesus” (Editora Fontanar, 133 páginas, R$29,90). Em ambas publicações, fica evidente uma revisão do próprio passado pelo autor.

“Graças a Deus sigo coerente com os mesmos princípios que abracei na adolescência em BH. Se a pessoa ler os meus primeiros livros, como ‘Cartas da Prisão’ (a ser relançado pela Companhia das Letras) e ‘Batismo de Sangue’ (Rocco), verá que ali se encontram os mesmos ideais que me moveram nas viagens descritas nos lançamentos”, diz Frei Betto ao Hoje em Dia, onde assina uma coluna dominical.

Mas alguma coisa mudou: “É que, agora, tenho um olhar mais crítico em relação ao passado, embora não me arrependa de nada. Prossigo acreditando que, dentro do capitalismo, a humanidade não tem salvação”, pontua.

Diário de viagem

Frei Betto descreve “Paraíso Perdido” como um “diário de viagem” vivido entre 1979 e 2012. No período, visitou a ex-União Soviética, Letônia, Polônia, Tchecoslováquia, China, Alemanha Oriental, Nicarágua, Cuba e Estados Unidos.

Como o próprio título diz, estes são lugares cuja conjuntura de anos anteriores se esfacelou ou está prestes a ruir. Nestas investidas, questionou o ateísmo comunista e falou de sua visão de mundo para líderes como Fidel Castro e Mikhail Gorbachev.

Se a visão política tão inerente à personalidade de Frei Betto virou alvo deste processo de “review”, a fé também não poderia ficar de fora. E é na imagem de Jesus que o autor se inspira para escrever “Um Deus Muito Humano”.

Conversa íntima

Nele, o frade conversa intimamente com Jesus. “‘Onde está Jesus?’ Tem sido, ao longo dos séculos, um jogo mais atrativo que ‘Onde está Wally?’”, compara. Mas para uma situação, não há dúvida: “Sei que reduziste todo o intrincado mistério da existência humana a uma única atitude: o amor”.

Frei Betto faz uma reflexão contemporânea para mostrar que Cristo é um Deus que se assemelha a nós, humanos, em tudo, exceto no egoísmo.

Os livros chegam às lojas no mês em que Frei Betto completa 71 anos (em 25 de agosto). Mas qual presente ele deseja? “Viver em um mundo sem desigualdades sociais, no qual todos, como em uma família, não fizessem das diferenças, divergências, e tivessem igual acesso aos mesmos direitos e oportunidades. É o que peço a Deus”, informa ele, que estudou jornalismo, filosofia, antropologia e teologia e tem 60 livros publicados e traduzidos para 24 idiomas.

“Sempre Um Papo” – Nesta terça-feira (4), às 19h30, no MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, Prédio Rosa). Gratuito

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