Cara a cara na TV, Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel trocam farpas

Bruno Moreno e Patrícia Scofield - Hoje em Dia
08/08/2014 às 01:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:42
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

O primeiro debate dos candidatos ao Palácio Tiradentes na TV Band mostrou o tom das campanhas, com PSDB e PT trocando farpas ao acusar os partidos adversários de não terem feito bons governos. Enquanto Pimenta da Veiga (PSDB), da coligação “Todos por Minas”, criticou o governo Federal por não repassar recursos a Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), da coligação “Minas pra Você”, contra-atacou, argumentando que o PSDB não investiu em saúde o percentual mínimo de 12% determinado pela Constituição, além de não pagar o piso aos professores da rede estadual.   Já Tarcísio Delgado (PSB), da coligação “Minas quer Mudanças”, se apresentou como uma terceira via. O ex-prefeito de Juiz de Fora destacou seus feitos na cidade da Zona da Mata e disse que, se eleito, adotará várias políticas públicas que classificou como bem sucedidas em sua cidade.   Fidélis Alcântara (PSOL), da “Frente de Esquerda Socialista”, utilizou seu tempo para condenar políticas dos governos estadual e federal. Segundo ele, a realidade de Minas é muito diferente das propagadas veiculadas na televisão.   Carga tributária foi um dos temas que mais geraram polêmica    Dentre os temas debatidos nessa quinta-feira (7) pelos candidatos ao governo de Minas, um dos mais polêmicos foi economia, com ênfase na carga tributária. Fernando Pimentel (PT) afirmou que a revista britânica “Economist” rebaixou o Estado em três posições no grau de investimento no Brasil, caindo do terceiro lugar para o sexto.   “Minas atravessa um momento difícil. Isso tem a ver com a estrutura tributária inadequada, com a falta de projetos regionalizados em Minas. Essa é uma tarefa do governo do Estado. Vamos rever as tarifas tributárias, que estão entre as mais altas do Brasil”, enfatizou.    Pimenta da Veiga (PSDB) tentou desqualificar a análise da revista, e afirmou que a publicação “não tem poder de classificação”. Sobre a carga tributária, garantiu que não trabalha com a possibilidade de aumentar os tributos, e que vai simplificar o processo de impostos.   Em contraposição, Tarcísio Delgado (PSB) criticou a fala dos dois candidatos que lideram as pesquisa de intenção de voto. “Cada um procurou defender a sua pele e acusar o outro”. O socialista argumentou que não se pode diminuir a carga tributária, pois o governo está sem recursos. “Há 20 anos Minas chegou à porta da falência. É preciso ter participação popular, austeridade para tirar Minas dessa situação difícil”.    Segurança   Para o candidato Fidélis Alcântara (PSOL), é preciso rever a política de segurança em Minas. Ele é contra a privatização do sistema prisional e a militarização da polícia. “Nosso sistema prisional abusa, viola direitos humanos todos os dias. Quem está hoje em uma cadeia não vai ser recuperado, por isso defendemos as Apacs. Segurança não é mais polícia e mais arma”, criticou.    Na polarização entre Pimenta e Pimentel, o candidato do PSDB destacou o investimento do governo estadual de R$ 47 bilhões em segurança pública, nos últimos 12 anos, ante R$ 7 bilhões da União, no mesmo período. Pimentel destacou que criou a Guarda Municipal quando foi prefeito de BH, e prometeu reforçar o efetivo da Polícia Militar.   Metrô   A discussão em torno da responsabilidade da expansão do metrô de BH também foi abordada pelos candidatos Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel. Como sempre ocorre, um colocou a responsabilidade pela morosidade das obras no governo do outro. Se por um lado o PT acusou o PSDB de não ter apresentado projetos executivo, o PSDB acusou o PT de não ter feito nada em 11 anos de governo.   Tucanos e petistas promovem tumulto   O primeiro debate entre os candidatos ao governo de Minas melhores colocados nas pesquisas foi marcado por tumulto entre militantes tucanos e petistas na porta da TV Band, no bairro São Bento. Faltando cerca de 1h30 para o início da transmissão, houve troca de socos, pedradas e pauladas durante quase 20 minutos.    Segundo populares, a confusão teria começado com a provocação verbal de seguranças contratados pelo PSDB. Militantes da coligação de Pimenta da Veiga (PSDB), por sua vez, reclamaram que o empurra-empurra teve início com o PT. Uma viatura da Polícia Militar esteve no local para “acalmar os ânimos” e se retirou pouco depois de e se retirou pouco depois de conversar com alguns dos envolvidos na confusão e liberar o trânsito na via.    “É sempre assim: o PT apela, parte para a pancadaria”, disse um militante tucano que pediu anonimato. “Estamos acostumados”, completou, convidando seus colegas a entrarem nas vans. O PSDB levou cerca de 2 mil pessoas para a porta da TV Band, segundo o organizador Marcelo Vieira.    “Isso aqui é para mostrar a pujança da nossa campanha. Segundo ele, metade dos presentes era de voluntários e a outra metade “contratada segundo as regras da lei”.    Patrick Souza, de 19 anos, membro da União Estadual dos Estudantes e partidário de Pimentel, disse que tentava apartar a briga quando foi atingido por uma pedrada. O petista Fabrício Fernandes, de 30 anos, contou que protegia a esposa quando teve a testa ferida. “Fiquei zonzo, não sei bem como aconteceu”.   O PT levou 600 pessoas para o local e combinou de dividir terreno na Raja Gabaglia com os adversários. O acordo não foi o suficiente para impedir as agressões.    Eliminação de plateia restringe participação    A participação popular foi restrita às manifestações na porta da emissora de TV onde o debate foi realizado e às perguntas dos telespectadores. Sem plateia, apenas os candidatos, com direito a dois assessores cada, puderam entrar no estúdio.  Deputados aliados de cada concorrente e representantes não só das campanhas, mas também do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que já declarou apoio a Pimenta da Veiga (PSDB), estiveram presentes.    A preparação dos postulantes se deu especialmente nos dois últimos dias, quando houve redução do ritmo das agendas eleitorais.   Desabafo no Facebook   Da parte do candidato mais representativo entre os chamados partidos ‘nanicos’, Fidélis Alcântara (PSOL), houve agradecimento e desabafo nas redes sociais.   Em sua página no Facebook, disse que realizaria um “sonho” ao participar do debate representando uma parcela “significativa” da sociedade. “Descobri que o mais legal não será o debate em si, mas o que veio antes dele e o que virá depois. Esse intervalo de 2 horas é apenas um ponto, dentro de um sonho maior, que não é só meu”, comentou Fidélis.   Os demais candidatos limitaram-se, antes do debate, a convocar seus seguidores nas mídias sociais a acompanhar suas respectivas performances no primeiro palanque eletrônico dessa campanha eleitoral.    Nenhuma nova proposta foi apresentada pelos candidatos. Descentralização do governo, participação popular e promessas para avançar foram temas comuns aos postulantes.        Especialista em Marketing Político pela USP   “Um debate marcado pelo ataque e pela defesa, e por poucas propostas nas áreas citadas. Pensando como o eleitor vota, alguns candidatos parecem acreditar na força do voto contra e na opção de uma terceira via. Já era esperado que o tema nacional iria ser discutido em vários momentos. Resumindo, foi um jogo de empurra entre os candidatos para achar o culpado por tudo o que não anda bem. Comparações, velhos temas, antigas propostas e perguntas não respondidas marcaram vários momentos do debate, que aconteceu no início da campanha, sem que alguns candidatos tenham apresentado suas estratégias nas  ruas e na TV”.   Cientista político da Universidade da Califórnia   “O debate na Band foi importante para demonstrar as fragilidades e qualidades dos dois principais candidatos ao governo de Minas. O candidato da situação, Pimenta da Veiga, enfatizou os problemas brasileiros, responsabilizou o governo federal pela ausência de investimentos em Minas, e se comprometeu com um governo de continuidade. Oposição, Fernando Pimentel enfatizou a necessidade de regionalizar as políticas do estado, trazer mais empresas para Minas, e se comprometeu em fazer investimentos em saúde, educação e segurança. O debate revelou o tom que a campanha deve assumir”.

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