Presidente do Sindijori barganha apoio ao PT em Minas

Hoje em Dia
27/09/2014 às 08:31.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:22

O presidente do Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares de Minas Gerais (Sindijori), Alexandre Wagner, colocou a entidade que representa na campanha política deste ano. O próprio Wagner tem distribuído a seus associados textos favoráveis à candidatura de Fernando Pimentel e cobrado deles a publicação do material para que ele possa, em nome do sindicato, cobrar do candidato, se eleito, o retorno do apoio.    Em mensagem enviada, pelo e-mail do Sindijoris, em 12 de setembro último, ele escreveu: “Voltamos novamente a lembrar aos veículos que estão publicando as matérias da campanha que não deixem de nos enviar um exemplar de cada publicação, pois no final da campanha vamos entregar ao Fernando Pimentel todos os exemplares para mostrar a ele que cumprimos com o nosso acordo”. Cópia do e-mail foi entregue ao Hoje em Dia por um dos destinatários.   O acordo a que se refere a mensagem assegura aos associados do sindicato que publicarem as matérias positivas sobre a campanha de Pimentel o acesso, em caso de vitória do candidato do PT, às verbas publicitárias do Estado, posto que o eventual novo governador regionalizaria estes recursos, veiculando anúncios regularmente no interior.   Wagner queixou-se de que em 12 anos da gestão tucana em Minas, a verba publicitária teria ficado concentrada na mídia da capital. O Hoje em Dia apurou que o sindicato não fez peças publicitárias de apoio explícito ao candidato petista.   Outro lado   A assessoria de Pimentel contesta o acordo. Segundo ela, a ação de apoio do Sindijori partiu do próprio sindicato e não há acordo para que sejam publicadas matérias favoráveis ao candidato. Além disso, informou que Pimentel se comprometeu apenas, se eleito, a dar crédito para que as rádios do interior adquiram equipamentos digitais.   O sindicalista admitiu ao jornal que envia quase que diariamente a seus associados mensagens semelhantes, embora eles não tenham obrigação de publicar os textos. O Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares de Minas Gerais é filiado à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e tem sua base nas cidades do interior. De acordo com Alexandre Wagner, os associados da entidade somam mais de 400 jornais.   OPINIÃO DO HOJE EM DIA   Conduta escabrosa   Um sindicato patronal, represente que setor for, tem compromissos éticos com seus associados e com os clientes de seus associados. Sobretudo quando esses associados são jornais e revistas, que vivem de apurar informações, organizar, analisar e vender páginas de notícias. Nesse caso, a credibilidade é a alma do negócio. O Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares de Minas Gerais desrespeitou esse princípio para, em troca de um suposto acesso às verbas publicitárias do governo do Estado, que Fernando Pimentel nega, fornecer aos leitores da mídia filiada notícias favoráveis ao candidato. Ou seja, a moeda de troca do faturamento futuro é a traição à boa-fé dos leitores.   A conduta é de todo reprovável. Jornais ou o sindicato que os representam não são birôs de mídia nem os interesses dos leitores são negociáveis. O acordo a que se refere Alexandre Wagner sequer prevê anúncios, mas cessão de espaço editorial. Ou seja, a publicação de informações não apuradas, sem compromisso com a realidade, mas com cara de notícia, de forma a induzir o leitor a determinada percepção. Essencialmente, são textos favoráveis a um candidato que disputa as eleições para governador do Estado. Por debaixo do pano, o que interessa a quem publica os textos é a verba que virá depois. Pouco importa seus leitores. Por todos os aspectos, um acordo lamentável. 

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