Fiemg critica Fundo Monetário por alerta contra Brasil

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
25/04/2014 às 07:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:17
 (Marcelo Prates/Hoje em Dia)

(Marcelo Prates/Hoje em Dia)

Economistas e representantes da indústria mineira criticaram as conclusões e apontaram erros de avaliação no relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na última quinta-feira (24), que alerta para o risco de inadimplência de empresas brasileiras.

No relatório, divulgado em Lima, no Peru, chamado “Perspectiva Econômica Regional para o Hemisfério Ocidental”, o FMI afirma que o nível médio de “alavancagem” das empresas brasileiras é o mais alto entre cinco grandes economias avaliadas na América Latina (Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México.)

Uma das conclusões é a de que os níveis altos de endividamento ameaçam gerar “descasamentos de moedas nas operações financeiras das companhias”. Ou seja, calote nos financiamentos bancários e nas dívidas com os detentores dos bônus (títulos de dívida privada) emitidos pelas empresas brasileiras no exterior.

Para o conselheiro do Conselho Regional de Economia em Minas Gerais (Corecon-MG) e professor de Economia da UFMG, Cláudio Gontijo, o FMI vem cometendo erros constantes em suas análises, principalmente com relação ao Brasil. “A alavancagem não é um problema das empresas brasileiras. O que enfrentamos hoje é um déficit na balança das transações correntes que cresce de forma exponencial”, afirma.

O presidente de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes, também afirma que não existe risco de calote. “Apenas algum setores estão endividados, como o sucroalcooleiro e a construção pesada. Segmentos como o automobilístico, construção civil e vestuário estão longe desse quadro”, diz Fernandes.

O estudo alerta, principalmente, para os riscos aos quais os compradores dos bônus das empresas brasileiras estão expostos, a maior parte deles na Europa. “A participação dos bônus nos passivos das empresas vem crescendo desde 2009”, destaca o FMI.

Ainda de acordo com o relatório, o risco de calote pode aumentar com a combinação perigosa de crescimento econômico baixo e condições financeiras mais duras no mercado internacional por conta da mudança da política monetária dos Estados Unidos.

Endividamento tem origem na liquidez do Primeiro Mundo

O aumento do endividamento das empresas brasileiras e latino-americanas teria raiz na liquidez abundante das economias desenvolvidas, por conta da política monetária de seus bancos centrais. Com as injeções de capital público para reativar as economias européias e americana, as companhias da América Latina não estariam encontrando dificuldade para captar recursos naqueles países por meio da emissão de bônus (títulos de dívida privada).

O estudo do FMI ressalta, no entanto, que no Brasil os empréstimos bancários ainda têm maior peso nos passivos das empresas, embora a participação dos bônus tenha aumentado. Por enquanto, a expansão dos passivos das empresas parece não estar comprometendo o pagamento dos serviços das dívidas, segundo o relatório. O lucro líquido das empresas endividadas é, na média, três a quatro vezes maior que o pagamento de juros na maioria dos países. Mesmo assim, o relatório recomenda que os governos monitorem a situação de perto, para evitar uma rápida deterioração dos balanços corporativos.

Crescimento baixo

O relatório afirma ainda que o Brasil deve encerrar este ano com taxa de crescimento menor do que a média mundial, da América Latina e dos país emergentes. Além disso, mesmo com a alta dos juros, a inflação ficará próxima do teto da meta fixada pelo governo. A expansão do PIB será de menos de 2%, contra 2,5% na América Latina, 3,5% na média mundial e 4,9% nos países emergentes. 

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