Clubes sul-americanos criam Liga para cobrar Conmebol

AFP
12/01/2016 às 08:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:59
 (Conmebol)

(Conmebol)

Times tradicionais do continente anunciaram nesta segunda-feira (11) em Montevidéu a criação de uma Liga Sul-Americana de Clubes de futebol, exigindo da Conmebol uma fatia maior do bolo dos direitos de televisão.  Os clubes responsáveis pela criação da nova Liga são 15 dos quarenta participantes da edição de 2016 da Copa Libertadores.
 
São eles: Peñarol, Nacional e River Plate (Uruguai); Boca Juniors, San Lorenzo, Racing e River Plate (Argentina); Universidad de Chile, Colo Colo e Universidad Católica (Chile); Olimpia e Cerro Porteño (Paraguai); Sporting Cristal e Club Melgar (Peru), além da Liga Deportiva Universitaria (Equador).
 
"O objetivo final é proteger o futebol e, sobretudo, a imagem do futebol sul-americano diante do mundo", afirmou o presidente do San Lorenzo, campeão da Libertadores em 2014, em entrevista coletiva.
 
Os grandes ausentes da lista de integrantes da nova Liga são as equipes brasileiras, que, apesar de serem esperadas, não compareceram à reunião. Contudo, Juan Pedro Damiani, presidente do Peñarol, afirmou que a iniciativa e o documento conta com o apoio dos brasileiros.
 
"Consideramos que sim, na comissão negociadora (uma das três comissões criadas) estão as equipes cabeças de chave, intrinsecamente, o Brasil está confirmado", explicou o dirigente.

Busca por transparência

Os clubes esperam ganhar voz na tomada de decisões econômicas, através da nomeação de um representante da nova Liga no Comitê Executivo da Conmebol.  "Este grande passo que seu deu hoje vai fazer com que, a curto prazo, possamos sentar à mesa das negociações, tanto dos direitos de transmissão quanto dos patrocinadores", explicou o presidente do Boca Juniors, Daniel Angelici.
 
"Queremos transparência", continuou Angelici. "Queremos que quando saímos de uma reunião da Conmbeol, as pessoas não perguntem o que recebemos, e sim o que fizemos pelo futebol sul-americano. Não é possível que os clubes não saibam que contratos a Conmebol assina. Agora, vamos pedir para fazer parte das decisões".
 
Os clubes assinaram um documento em que solicitam ao presidente da Conmebol, Wilmar Valdez, a convocação do Comitê Executivo Extraordinário para a semana que vem, quando repassarão uma série de "legítimas reivindicações" da nova Liga.
 
Entre elas, pedem um aumento do valor recebido pelos clubes para esta edição da Copa Libertadores da América e todos os torneios internacionais na mesma proporção que foi feito no contrato de televisão pela Conmebol com a Fox Sports", detentora dos direitos televisivos.
 
Os clubes também pretendem acabar com a porcentagem de 10% que cada clube paga a Conmebol na venda de ingressos.
 
Escândalos em série

A Conmebol vive um momento dos mais conturbados, em meio ao mega escândalo de corrupção que abala o futebol mundial. Os dois últimos presidentes da entidade, o paraguaio Juan Ángel Napout e o uruguaio Eugenio Figueredo, foram presos na Suíça, a pedido da justiça americana, assim como o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, que hoje cumpre prisão domiciliar em Nova York. Todos foram acusados de receber propina na negociação de direitos de transmissão.

Detido no dia 3 em dezembro, Napout foi extraditado para os Estados Unidos 12 dias depois. Já Figueredo, preso no mesmo hotel de luxo em maio, junto com Marin, na primeira leva de detenções, foi extraditado para o Uruguai, também em dezembro.
 
O paraguaio Nicolás Leóz, que esteve à frente da entidade de 1986 a 2013, também é investigado pela justiça americana, e cumpre prisão domiciliar.
 
Entre os presidentes das dez federações nacionais do continente em 2013, ano em que a Conmebol negociou os direitos de transmissão das próximas edições da Copa América, nenhum permaneceu no cargo, e grande parte se encontra atrás das grades ou em prisão domiciliar.
 
Na última quinta-feira, a sede da Conmebol, em Assunção, no Paraguai, foi revistada, também a pedido da justiça americana. As autoridades buscavam contratos firmados pelos direitos de transmissão e marketing da Libertadores e da Copa América.
 
O local tinha imunidade diplomática desde 1992, privilégio que foi retirado em junho de 2015, um mês depois da prisão em Zurique de sete altos dirigentes da Fifa, o que deu início ao escândalo.

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