Reserva de água para Governador Valadares só dura até amanhã, diz SAAE

Ana Lúcia Gonçalves
09/11/2015 às 14:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:24
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

A água armazenada nos reservatórios do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) em Governador Valadares, no Leste do Estado, vai acabar nesta terca-feira (10). Eles guardam cerca de 20 milhões de litros, mas não tem sido abastecidos desde a tarde de domingo (8) por causa da passagem da lama que vazou das barragens em Mariana e forçou o desligameno das bombas. A cidade tem cerca de 280 mil habitantes e vai buscar água tratada em municipios menores como Ipatinga, Frei Inocêncio e Marilac.

O apoio das três cidades atendidas pela Copasa está em um Plano de Emergência que foi traçado para enfrentar o agravamento da crise hídrica em Valadares, e divulgado em coletiva pela prefeita Elisa Costa (PT) e demais orgãos de defesa, na manha desta segunda-feira (9). A prioridade será o consumo humano priorizando as unidades de saúde, escolas e abrigos. A água armazenada vem sendo distribuida nas casas por meio de revezamento. Carros de som rodam a cidade para avisar a população.

“A população tem que se conscientizar que a água agora é só para o consumo humano”, alerta a prefeita. Serão necessários 60 caminhões pipa, e a cidade tem nove. “A Samarco vai custear toda a logistica e, se for o caso, investir em nova fonte de captacção se os estudos mostrarem que o tratamento é inviavel”, avisa Costa.

Amenizada
A chegada da lama no rio Doce em Valadares foi amenizada com a diluição da onda no reservatório da Usina Hidrelétrica de Baguari, onde grande parte do material ficou sedimentado. Mas existe uma preocupação com novos vazamentos e com as chuvas nas cabeceiras. O SAAE está analisando a água do rio, também para identificar áreas com menos turbidez - a maioria dos dejetos passa pela margem direita do rio -, para ajudar na captação. Nesta segunda-feira (9), a autarquia enviou amostras para quatro laboratórios diferentes, entre eles o da Copasa e Funed.

Os estudos feitos em Valadares teriam identificado a presenca de manganês, ferro e alumínio na água do rio Doce. Segundo o diretor do SAAE, Omir Quintino, o objetivo agora e confirmar a presenca de metais como mercúrio e chumbo. O monitoramento está sendo feito 24 horas por dia. Segundo ele, a captação só será retomada quando houver 100% de garantia com relação à qualidade da água.

“A Samarco é a única e maior responsável pela tragédia ecológica que se abateu sobre o nosso rio Doce. E não sabemos todos os efeitos, juntamente com o desabastecimento de água, que vai ocorrer”, enfatiza a prefeita Elisa Costa, contando que recebeu a visita de representantes da empresa na noite deste domingo (8) e exigiu deles uma análise técnica e aprofundada de todos os acontecimentos e impactos, como também o empenho para amenizá-los. Na região, além de Valadares, Periquito, Galileia e Resplendor são abastecidas exclusivamente pelo rio Doce.

Plano
O Plano de Emergência de Governador Valadares inclui a retomada de estudos para encontrar novas fontes de captação. O Rio Suassuí Pequeno era uma alternativa, já descartada por causa do volume de água que também reduziu por causa da seca. Outra alternativa em estudo e o reservatório da usina de Baguari. Os poços artesianos foram descartados porque a maioria não tinha água, mesmo perfurados a cem metros de profundidade.

De acordo com as análises de órgãos federais e estaduais como a CPRM, Copasa, Agência Nacional de Água (ANA) e SAAE ainda não é possível prever quando o tratamento poderá ser restabelecido, porque ainda tem muita lama vindo nas águas do rio Doce, e de acordo com o diretor do SAAE, Omir Quintino, nenhum tratamento é eficaz enquanto a lama não se diluir e passar.

 

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