Conselho do Galo faz reunião e avalia 'embrião' de ideia para modernizar gestão do clube

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
29/03/2017 às 16:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:56

Enquanto a Seleção Brasileira se preparava para entrar em campo na noite de terça-feira (27), a Sede de Lourdes do Atlético abrigava mais uma reunião do conselho deliberativo do clube. A sessão que durou cerca de uma hora pode ser considerada o primeiro passo para a intenção de conselheiros e modernizar a natureza administrativa do Galo.

Liderada pelo conselheiro Wilson Brumer, o debate foi chamado de "novo conceito de governança". O ex-presidente de grandes empresas como Vale, Acesita, e Usiminas fez valer o espaço criado pelo mandatário do conselho atleticano, Rodolfo Gropen, denominado 'Banco Atleticano de Ideias' para apresentar um embrião de projeto que será debatido com mais detalhes no futuro entre os conselheiros.

A intenção é preparar o Atlético para caminhar lado a lado com a modernização da gestão do futebol. Até porque, não só o esporte se desenvolveu mercadologicamente, como o próprio clube se agigantou, dos R$ 50 milhões de orçamento em 2008 para o recorde de R$ 328 milhões traçados em 2017. Um dos primeiros passos nesta intenção de modernidade é a mudança do estatuto. Como Rodolfo Gropen havia explicado anteriormente, ao Hoje em Dia: 

"Quero reformar o estatuto, para caracterizá-lo mais empresarialmente. Criar regras de governança, regras de compliance, porque a turma que está aqui é muito séria. Mas a gente não sabe o que vem depois", disse, em novembro. 

Um possível caminho que o Atlético pode percorrer é da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), mesmo que tal tema ainda seja tratado de forma interna entre os conselheiros. E, apesar da participação do presidente Daniel Nepomuceno na reunião na Sede de Lourdes, na terça-feira, os assuntos abordados ainda não chegaram à pauta da diretoria. 

O SAF é um projeto de lei que tramita desde abril de 2016 no congresso nacional. Desenvolvida por dois advogados e de autoria do deputado Otavio Leite (PSDB/RJ), a ideia da PL é possibilitar que os clubes de futebol criem empresas para administrá-lo, seguindo normas empresariais, como conselho administrativo, diretoria remunerada e, assim, com a chance de participar do mercado financeiro, podendo até mesmo comercializar ações no mercado.Reprodução / N/A

Colo-Colo, Atlético Nacional, Benfica e Bayern de Munique são exemplos de sociedades anônimas

EXEMPLOS PELO MUNDO

Tal modelo de gestão já atingiu clubes até da América do Sul. O Colo-Colo, adversário do Galo em duas Libertadores seguidas, é regida por uma empresa chamada Blanco y Negro S.A., que atua desde 2005. O mesmo ocorre com o Atlético Nacional de Medellín, que eliminou o Galo da Libertadores 2014 e é o atual campeão do torneio. O clube colombiano que encantou o mundo pelos gestos de solidariedade com a Chapecoense, entretanto, foi comprado por um grande investidor, o grupo Ardila Lülle. 

Na Europa, os exemplos são ainda mais abrangentes. Bayern de Munique, por exemplo, tem 25% de suas ações divididas entre as multinacionais Adidas, Audi e Allianz (naming rights do estádio). Tais ações foram comercializadas pelo gigante alemão. Há ainda uma outra vertente da SAF, que possibilitaria aos clubes vender ações na bolsa de valores. Assim sendo, torcedores comuns poderiam comprar ações e se tornarem sócios do clube.

MAIS DETALHES

O projeto de lei da SAF está explicado neste linkautor do livro “Futebol, Estado e Mercado”, ao lado de José Francisco Manssur. A obra serviu de base para a criação da PL

Em janeiro de 2015, o juiz federal e atleticano Lincoln Pinheiro escreveu uma coluna no site ESPNFC, sobre o sonho de ver o Atlético transformado em sociedade anônima de capital aberto e as vantagens que o clube poderia demandar de tal transformação. 

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