Candidatos divergem sobre papel do MP de São Paulo

Fausto Macedo e Mateus Coutinho
02/04/2014 às 09:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:53

A quatro dias das eleições para procurador-geral de Justiça de São Paulo, os candidatos ao cargo trocaram provocações ontem, em entrevistas à TV Estadão. Opositor da atual gestão, Luiz Antonio Marrey criticou a falta de protagonismo do Ministério Público paulista nos últimos anos. Márcio Elias Rosa, que se licenciou do cargo de procurador-geral para disputar um novo biênio, respondeu que não busca autopromoção e que o importante é como o órgão pode melhorar a vida das pessoas.

"Creio que o atual procurador-geral não aborda nenhum dos assuntos (de segurança) publicamente, não sei se ele tem receio de desagradar, mas o fato é que o Ministério Público precisa abordar os assuntos difíceis", provocou Marrey. Elias Rosa, que se desincompatibilizou em março, disse que no modelo de gestão adotado por ele "o protagonista do processo é o próprio Ministério Público". "Não há espaço para atuação midiática e o culto ao personalismo", afirmou, em crítica indireta ao adversário. Os candidatos à chefia do MP deram entrevistas à TV Estadão em horários diferentes e não se encontraram. Cada um deles falou de suas propostas, desafios e seus perfis de atuação.

No sábado, 1.720 promotores e 300 procuradores vão participar da eleição. A lista com os dois nomes e os votos que cada um receber será encaminhada ao governador, que escolhe o nome independente da ordem de votação. Em 2012, Elias Rosa ficou em 2.º lugar e foi indicado por Geraldo Alckmin(PSDB). Em 1996, Marrey ficou em segundo lugar e foi escolhido por Mário Covas (PSDB).

Polêmica. Questionado sobre sua relação com políticos tucanos, Marrey disse que o fato de ter atuado no Executivo estadual e na Prefeitura de São Paulo não afeta seu trabalho no MP. "Sempre atuei coerente com a minha vida profissional de promotor", afirmou. Marrey foi secretário municipal de Negócios Jurídicos na gestão José Serra (PSDB), secretário de Justiça do tucano no Estado e da Casa Civil no governo Alberto Goldman (PSDB).

"De maneira nenhuma eu acharia adequado dizer que meu adversário não teria independência porque ele é afilhado do secretário de Segurança Pública (Fernando Grella Vieira), ou que ele não teria independência porque tem no grupo dele diversos ex-secretários municipais da gestão Kassab(PSD)", afirmou Marrey.

Elias Rosa evitou polemizar e destacou que sua gestão tem dado seguimento a importantes investigações, como a do cartel de trens e da Máfia do ISS na Prefeitura de São Paulo. "Hoje, 90% das teses que a Procuradoria-Geral defende nos tribunais são acolhidas. O Ministério Público de São Paulo não perde, em regra, as ações", ressaltou. Elias Rosa também disse que seu estilo não é midiático. "Nós não frequentamos a mídia no sentido da autopromoção. A Procuradoria-Geral de Justiça e as promotorias atuam numa relação de coerência."

Orçamento. O atual procurador-geral rebateu relatório publicado na sexta-feira pela Associação Paulista do Ministério Público sobre a queda na participação da instituição no Orçamento do Estado. "Não é verdade que a instituição esteja numa crise orçamentária." A entidade divulgou que o índice de participação do MP caiu de 1,23%, em 2008, para 0,923% neste ano. Elias Rosa afirmou que o valor nominal cresceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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