Jornalista dinamarquês monta QG no Mineirão e escolhe BH para morar

Bruno Moreno - Hoje em Dia
03/07/2014 às 08:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:14
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Após cinco jogos em apenas 14 dias, o Mineirão experimenta nesta semana uma tranquilidade incomum. O centro de mídia, montado no estacionamento do estádio, tem recebido apenas o pessoal da segurança e da faxina, além de alguns voluntários e funcionários que trabalham no estande de promoção de Belo Horizonte. Mas um jornalista dinamarquês tem ido pra lá, diariamente, e acompanha os jogos quase sempre de forma solitária.

Ele é Peter Arnholdt, 51 anos, que há dez meses escolheu Belo Horizonte para morar, junto com a filha e a mulher, uma maranhense apaixonada pela capital mineira.

O europeu é freelancer, mas nesta Copa cobre todos os treinos e partidas no estádio para o jornal Ekstra Bladet, da Dinamarca. Como seu país não está no Mundial, ele não fez nenhuma viagem. Apesar disso, escreve sobre quase todos os jogos, assistidos pelos televisores do centro de mídia do estádio.

Preparação

Além de jornalista, Peter também é técnico de futebol e, em seus textos, coloca em prática o que aprendeu nos campos. Mas para se preparar para o Mundial, Peter foi além: montou um site sobre futebol brasileiro (www.sambafodbold.blogspot.com.br), em que escreve em dinamarquês.

“Sempre quis morar no Rio de Janeiro, mas minha esposa já havia morado aqui em BH e quis vir pra cá. Costumo brincar que aqui é muito perigoso: já engordei seis quilos desde que cheguei!”, brinca o europeu.

Como jornalista, este é seu primeiro mundial, mas esteve na Alemanha em 2006, como torcedor. Para ele, a organização está muito boa.

“As coisas funcionam bem, os voluntários estão sempre sorridentes. Meus colegas da Europa também gostaram muito do que viram. Só reclamaram da distância entre as cidades, o que faz com que gastem muito tempo em deslocamentos”, aponta.

O jornalista diz que adora Belo Horizonte e tem passado bons tempos aqui no Brasil. Além do aconchego da cidade, está satisfeito com o desempenho das seleções em campo.

“Não tem jogo fácil. Todas os times, até mesmo os favoritos, estão tendo que jogar muito para vencer. Os jogos estão sendo muito interessantes, e a lotação dos estádios está mostrando que os brasileiros estão animados com o Mundial”, afirma, entusiasmado.

O único problema que ele revela é o fuso horário com a Europa, de 5 horas, que tem dificultado um pouco o seu trabalho.

“No jogo da Argentina, todos estavam com o texto pronto, e o Messi fez o gol no final. Foi muito apertado, porque tínhamos poucos minutos para enviar as matérias”, revela.

Denúncia

Peter lamenta o caso do jornalista dinamarquês Mikkel Keldorf Jensen que, em abril, publicou uma reportagem afirmando que havia grupos de extermínio de crianças em Fortaleza, capital do Ceará. Por isso, ele teria desistido de trabalhar na Copa.

“Foi uma vergonha. Ele conversou com uma pessoa e queria aparecer com uma ótima matéria. Mas caiu em descrédito. Não tem o meu respeito. É claro que houve problemas, como as desapropriações, mas isso acontece em todos os lugares, até mesmo em Copenhague”, explicou.

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