Japão comemora escolha de Tóquio para sediar a Olimpíada de 2020

AFP
08/09/2013 às 14:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:46
 (KAZUHIRO NOGI)

(KAZUHIRO NOGI)

TÓQUIO - A cidade de Tóquio acordou neste domingo (8) em clima de festa após ter sido escolhida no sábado (7) para sediar os Jogos Olímpicos de 2020, vencendo Madri e Istambul na votação realizada em Buenos Aires.

A capital japonesa receberá o evento pela segunda vez, 56 anos depois da edição de 1964. A notícia foi como uma promessa de dias melhores para um país profundamente afetado pelo desastre do terremoto seguido de um tsuname em março 2011 e suas consequências nucleares.

O maior desafio da delegação de Tóquio foi convencer o Comitê Olímpico Internacional (COI) de que os altos níveis de radiação registrados nesta semana na região da usina nuclear Fukushima, situada a 220 km da capital não representariam riscos para a realização dos Jogos.

O anúncio oficial do resultado da votação aconteceu pouco depois de 5h00 da madrugada no horário local. Mesmo assim, milhares de pessoas estavam nas ruas para assistir à cerimônia em telões e explodiram de alegria nas ruas quando viram o nome da cidade sair do envelope aberto pelo presidente do COI, Jacques Rogge.

No parque Olímpico Komazawa, que recebeu várias competições nos Jogos de 1964, aconteceu uma chuva de serpentinas douradas para comemorar a vitória.

Na Câmara de Comércio e Indústria de Tóquio, a multidão gritou "obrigado" em coro. Na televisão, apresentadores ficaram sem voz e choraram de emoção ao vivo.

"Fazia muito tempo que estávamos esperando por isso", comemorou Tsunekazu Takeda, presidente da candidatura Tóquio-2020, em Buenos Aires. "Os membros do COI viram que Tóquio era uma aposta segura", sentenciou.

Já o governador da capital japonesa, Naoki Inose, enfatizou o fato destes Jogos representarem um marco no processo de recuperação da tragédia do terremoto e do tsunami que deixaram 18.000 mortos no país, além de prometer organizar "os melhores Jogos da história".

"Ganhamos um sonho, uma esperança e um futuro", declarou por sua vez o primeiro-ministro Shinzo Abe, em entrevista a uma televisão japonesa. "O Japão viveu 15 anos de estagnação econômica e perdemos confiança em nos mesmos. Espero que esta seja uma oportunidade de recuperar esta confiança", afirmou Abe em outro programa.

Vários jornais locais publicaram edições comemorativas, distribuídas gratuitamente na cidade de 13 milhões de habitantes.

"Depois do fracasso de 2016 (quando Tóquio perdeu para o Rio de Janeiro), Tóquio contou com a mobilização de todos, não só no meio do esporte, mas também nas esferas da economia e do Estado. Esta união foi positiva", analisou o jornal Mainichi.

O anúncio da escolha de Tóquio também foi saudado pela imprensa internacional, que destacou a capacidade dos japoneses de convencer o COI de que as radiações de Fukushima não representariam riscos para a realização dos Jogos.

"Tóquio venceu a disputa quando o primeiro-ministro garantiu pessoalmente que o vazamento radioativo da usina de Fukushima não causaria danos para a saúde", comentou o jornal inglês The Guardian na sua edição online.

Decepcionada com a eliminação de Madri na primeira votação, a imprensa espanhola atribuiu o fracasso à crise econômica e a escândalos de doping que atingiram atletas do país nos últimos anos.

"Quem venceu foi a candidata que conta com a economia mais sólida e que melhor lutou contra o doping", resumiu o diário El País.

Para o jornal El Mundo, "a derrota se explica pela perda de influência internacional da Espanha e a deterioração de sua imagem, manchada pelo desemprego, a crise, a corrupção, as tensões territoriais e a sombra do doping. Madri dificilmente poderá se candidatar pela quarta vez depois de mais um fiasco (já tinha sido candidata em 1972, 2012 e 2016)".

Já a imprensa turca não escondeu sua decepção por ter perdido para Tóquio na última votação.

"Uma final dolorosa", estampou o jornal popular Vatan em sua manchete. O diário acusou os europeus de não ter apoiado a candidatura de Istambul para ter mais chance de ter suas cidades escolhidas para a disputa de 2024.

"Não era o nosso destino", lamentou, em tom mais fatalista, o jornal pró-governo Yeni Safak, que colocou a culpa pela derrota na conta dos protestos contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, reprimidos com violência nas últimas semanas.

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