Compra de crachá, na feira da madrugada, livra de 'rapa'

Adriana Ferraz e Artur Rodrigues
29/11/2012 às 11:39.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:52

Nos corredores principais ou nas vielas improvisadas da feira, ambulantes ofertam livremente suas mercadorias. Bijuterias, sacolas, pufes e uma gama variada de comida e bebida são alguns dos produtos vendidos diariamente sob os olhos de policiais militares da Operação Delegada - programa municipal que combate a pirataria e os camelôs sem licença.

No Brás, bairro paulistano, os ambulantes são divididos em dois grupos. Há os cadastrados pelo grupo de comerciantes que reivindica a gestão da feira e os liberados por essa associação mediante pagamento de taxa mensal de R$ 250. O valor, aliás, é comum a todos - oficialmente, trata-se de uma "taxa voluntária". Na prática, a diferença é o uso do crachá. Quem paga o ponto tem direito a usar uma suposta licença da feira, concedida de maneira igualmente irregular.

Entre os ambulantes, tanto a compra do crachá como a taxa mensal são assumidos como o custo pelo direito de trabalhar na feira, sem se preocupar com o "rapa". No dia 3, durante o feriado prolongado da Proclamação da República, a reportagem conversou com o dono de uma "banca de pufes". Com as mercadorias espalhadas pelo chão, o vendedor afirmou que paga a "madeira" (como a propina é popularmente conhecida) para segurar o ponto.

Na quarta-feira (28), o jornal O Estado de S. Paulo questionou a dona de uma barraca que vende refrigerantes sobre como conseguir um ponto como o dela. "Dessas aqui? São R$ 10 mil, pagando R$ 500 por mês." Pelo dinheiro, ela ganhou um adesivo da Comissão dos Comerciantes da Feira da Madrugada Pátio do Pari (Cofemapp), atestando que pode continuar trabalhando ali. Mas, acostumada às reviravoltas da feirinha, ela desencorajou o repórter a comprar o ponto: "Nem invista. No ano que vem, vai mudar tudo."

A posição foi confirmada pelo próprio presidente da Cofemapp, durante reunião com comerciantes na segunda-feira (26). No encontro, Manuel Sabino afirmou também estar em contato com integrantes da futura gestão, de Fernando Haddad (PT). Segundo Sabino, a associação é contra o projeto da atual gestão de construir um shopping popular no local, alegando que seria cobrado aluguel dos comerciantes que já estão no local.

Além dos comerciantes da Cofemapp, há os que atuam sem autorização. Só esses, que não pagam nada à administração, têm de correr da segurança. Alguns vendem celulares e equipamentos eletrônicos em sacolas pretas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
http://www.estadao.com.br

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