Os sabores no Oscar e na sétima arte

Elemara Duarte - Hoje em Dia
22/02/2015 às 18:38.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:06
 (Divulgação)

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“Vai nessa. E traz uma garrafa de Puilly-Jouvet ’26, num balde de gelo, com duas taças, pra gente não ter que beber aquele mijo de gato do vagão restaurante.” A divertida fala do filme “O Grande Hotel Budapeste”, candidato ao Oscar 2015, não passou desapercebida pela publicitária carioca Mariza Gualano. Também não passaram de liso, milhares de falas em outros filmes, de várias épocas, que ela garimpou e reuniu para escrever “Royale com Queijo - As Mais Deliciosas Frases Sobre Gastronomia do Cinema” (Editora Valentina, 240 páginas, R$ 34,90).

O livro chega às livrarias em março deste ano e traz frases gastronômicas de filmes de 1929 a 2014, incluindo inúmeros ganhadores do Oscar em edições passadas como: “A Festa de Babette” (1987), “A Grande Beleza” (2013), “O Silêncio dos Inocentes” (1991), “A Noviça Rebelde” (1965), “Amarcord” (1973) e “Beleza Americana” (1999).

O grande clássico de John Ford, “Como Era Verde Meu Vale” (1941), abre a coletânea de frases com a pérola: “Nunca conheci ninguém cuja conversa fosse melhor do que uma boa comida”.

Caderninho e caneta nas mãos e sempre atenta aos detalhes incrustados nas histórias das telonas. Este é o jeito como Mariza assiste os filmes. Graças a este olhar diferenciado sobre a sétima arte é que ela conseguiu reunir mais de 600 citações sobre bebidas e comidas em “Royale com Queijo”.

Mineiro na festa

Mesmo que Mariza não cite frases de documentários, ela lembra do longa indicado para a premiação na festa neste domingo (22), cujo título tem tudo a ver com a proposta do livro. Trata-se do documentário de Wim Wenders, sobre o fotojornalista mineiro Sebastião Salgado, cujo título é "O Sal da Terra".

“É um título inspirado e não podia ser mais apropriado para o filme. O sal é um elemento que dá sabor aos alimentos, possui força, está na terra, no mar, e assim como o trabalho de Salgado, remete à essência das coisas”, avalia.

Fora das festas

No livro também foram reunidas frases de clássicos que não foram evidenciados com os prêmios da academia como “Comer, Rezar, Amar” (2010) e “Chocolate” (2000). E os brasileiros, a exemplo de “Gabriela, Cravo e Canela” (1983) e “Estômago” (2007). Há ainda outros títulos com citações constantes sobre fast food como “Pulp Fiction”. Neste longa, de 1994, com John Travolta e direção de Quentin Tarantino, foi onde a autora “caça frases” tirou o título do livro.

Diz o diálogo: “–Em Paris, a gente pode comprar cerveja no McDonald’s. Tem outro lance: sabe como eles chamam o quarteirão com queijo? – Não chamam quarteirão? – Não, por causa do sistema métrico decimal esse nome não teria sentido para eles. – Como é que eles chamam, então? – Royale com queijo”. John Travolta e Samuel L. Jackson, nos papéis de dois matadores de aluguel conversando a caminho do próximo “trabalho”.

Mariza possui várias e igualmente curiosas publicações sobre listas cinematográficas como “Quanto Mais Quentes Melhor - As Melhores Frases de Sexo do Cinema”. Na gaveta, ele guarda outras seleções como “as piores frases do cinema” e as “last lines” - as últimas frases ou diálogos de filmes.

"Pérolas" no livro

“Acho que a mulher que gosta de comer gosta de outras coisas...” (Phillipe Noiret, em “A Comilança”)

“É um caso de amor em que não há diferença entre o apetite corporal e o apetite espiritual”. (Guita Norby, sobre o magnífico jantar em “A Festa de Babette”.)

“- É bom mesmo, essa porra... Como chama? – Car-bo-na-ra. – Olha, esse Cabo Nara merecia ser no mínimo tenente”. (Babu Santana e João Miguel, em “Estômago”.)

“Preciso falar com a cozinheira sobre as almôndegas. São deliciosas demais para minha cintura”. (Eleonor Parker, em “A Noviça Rebelde”.)

“Meu pai nos ensinou que deveríamos comer até as onze da manhã, antes do sol do meio-dia. E até as quatro da tarde. Ou então o que se come apodrece no estômago”. (Giuseppe Ianigro, em “Amarcord”, direção de Federico Fellini.)

“Janie, hoje eu me demiti. Depois mandei meu chefe à merda e o chantageei por quase 60 mil dólares. Passe-me os aspargos (…)” (Kevin Spacey, em “Beleza Americana”.)

“Estou de caso com minha pizza”. (Julia Roberts, em “Comer, Rezar, Amar”.)
 

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