Em vez de espetáculos, sessões administrativas e julgamentos no Klauss Vianna

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
29/06/2014 às 07:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:11
 (Fernando Barcellos/Divulgação)

(Fernando Barcellos/Divulgação)

O 16º “Eletronika – Festival de Novas Tendências” marcará a despedida do teatro Oi Futuro Klauss Vianna do endereço da Avenida Afonso Pena. O evento dedicado à vanguarda cultural mundial acontece de 7 a 14 de setembro. Já no dia seguinte, o espaço será oficialmente entregue ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que, conforme já noticiado pelo Hoje em Dia, não dará continuidade à programação, substituída por sessões administrativas e de julgamento.   Entre as últimas atrações do Klauss Vianna, que será transferido para um anexo do Palacete Dantas, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, com inauguração prevista para 2016, estão, ainda, o “Anima Mundi” (de 1º a 7/9), principal festival dedicado à animação na América Latina; o “É Tudo Verdade” (24 a 27/7), voltado a documentários; a peça “Inverno” (29/7 a 10/8); e espetáculos dos grupos Armatrux e Cia. Suspensa.   A classe artística mineira vem expressando sua desaprovação pela mudança, por considerar o espaço um dos melhores palcos de BH, além de se queixar que não foi ouvida nessa negociação do Estado com o TJMG (que desapropriou a Oi do prédio no bairro Mangabeiras). Já a empresa de telecomunicações e o governo estadual enaltecem o papel do novo centro cultural, prevendo a ampliação da média de público para 200 mil pessoas/ano.   De acordo com informações repassadas pela assessoria de comunicação da Oi, o espaço – que engloba ainda duas galerias para exposições, um Multiespaço, um cineclube e o Museu das Telecomunicações – recebeu, em sete anos sob administração da telefônica, cerca de 330 mil pessoas para 555 iniciativas culturais, especialmente peças, exposições, mostras de cinema, shows de música e dança. Média anual de 47 mil espectadores e 80 atrações.   A queixa dos artistas se volta principalmente para a perda de um teatro bem adaptado às exigências de apresentações como as de dança, devido às medidas do palco (12 x 12 metros) e à visibilidade completa da público, independentemente do lugar que a pessoa está sentada. O espaço conta com 352 lugares na plateia e dois camarotes. Ao todo, são 1.014 metros quadrados de área ocupada pelo Centro Cultural Oi Futuro, no primeiro andar do prédio-sede.   Na Praça da Liberdade, o projeto de revitalização do Palacete Dantas e do Solar Narbona, antigas sedes da Secretaria de Estado da Cultura, deverá exigir cerca de R$ 17 milhões em investimentos da Oi, modernização que não mudará as características do conjunto arquitetônico do início do século 20. Em contrapartida, terá direito a utilização das edificações por 30 anos, período que pode ser prorrogado. O teatro ganhará o formato de arena e disponibilizará 200 lugares.   Desde que a empresa de telefonia passou a administrar o Klauss Vianna, nenhum espetáculo paga para ocupar o teatro. A escolha das atrações é feita por edital coordenado pela própria Oi, com várias delas ganhando apoio direto através de leis de incentivo. O custo operacional é repartido entre todos os segmentos que fazem parte do espaço cultural. Os valores, de acordo a assessoria de comunicação, não estão disponíveis.    Sob o signo da polêmica Inaugurado em março de 1990, pela estatal Telemig (privatizada em 1998), o teatro Klauss Vianna já nasceu sob o signo da polêmica, como compensação pela perda do Cine Metrópole após uma longa batalha que envolveu vários setores da sociedade. Com o cinema fechado em 1983 para dar lugar a uma agência bancária, esperou-se sete anos para o governo oferecer uma alternativa.   Inicialmente vista com desconfiança ao assumir o espaço, a Telemar (mais tarde Oi) abraçou o projeto, criando em 2007 o Centro Cultural Oi Futuro. O Klauss Vianna foi reformado e reinaugurado com o espetáculo “Effet Papillon – Cie Countour Progressif”, que integrava a Semana de Artes Digitais (Siana), evento que fez parte das comemorações do ano da França no Brasil. No total, foram 236 espetáculos apresentados nesses sete anos de atividades, além de 39 exposições nas duas galerias. Houve, ainda, 280 mostras de filmes no Cineclube. A mudança para a nova sede acontecerá no ano em o Palacete Dantas completa seu centenário. Ele foi construído em 1915, em estilo neoclássico, para abrigar a família do engenheiro José Dantas.   Considerado uma das melhores casas particulares da nova capital, em 1920 hospedou o presidente da província de Minas Gerais, Artur Bernardes, durante a visita dos reis belgas à capital mineira, quando eles ocuparam o Palácio da Liberdade. Já o Solar Narbona foi construído pelo espanhol Francisco Narbona, no início do século XX, que morou com familiares no prédio até 1940.   Nesse espaço, a Oi transformará a área verde do Palacete num Jardim Sensorial, onde os visitantes irão identificar e ouvir cantos dos pássaros em extinção na fauna mineira. Já as crianças ganharão um espaço próprio, o “Brinquedo_tec”. Também está prevista a implementação de um lugar para educação artística, com cursos relativos ao universo de produção em arte e tecnologia e em museologia. 

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