Zeinal Bava: Oi sonha alto, turbinada pela fusão com Portugal Telecom

Bruno Porto - Hoje em Dia
02/06/2014 às 07:31.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:50
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Agora no período pós fusão com a Portugal Telecom, a Oi está se reformulando e se moldando às tendências de mercado, ao mesmo tempo em que controla o seu endividamento após a capitalização de R$ 14 bilhões. Nesta entrevista, o presidente da operadora, Zeinal Bava, detalha esse plano de fortalecimento da companhia e revela uma estratégia agressiva de crescimento em todos os segmentos de atuação, porém com produtos considerados mais completos.

Ao mesmo tempo que foca no mercado de telefonia móvel pré-paga, em que a rentabilidade é maior, a concentra esforços também na Oi TV para dar robustez aos pacotes de internet, telefonia e televisão, os chamados combos, onde está a maior demanda.

“Nossa visão é muito clara. A tecnologia é um meio para atingir um fim. Ela serve para desenvolver produtos e serviços que melhorem a qualidade de vida das pessoas ou contribui para que empresas, nossas clientes, possam aumentar a sua eficiência e eficácia. Nossa estratégia é focar na convergência de fixo, móvel, banda larga e TV, com ofertas de multiprodutos no residencial. No corporativo e no empresarial, o que nós queremos é oferecer mais tecnologia, as chamadas soluções de “cloud”, disse.

Somente em 2014, o plano de investimentos da Oi é da ordem de R$ 5,5 bilhões para o Brasil. Em Minas Gerais, no primeiro trimestre, foram injetados R$ 141 milhões.

Em que fase está o processo de fusão da Oi com a Portugal Telecom?
A Portugal Telecom e a Oi operacionalmente já estão integradas. O que faremos agora é acima de tudo um processo mais formal que deverá estar concluído entre setembro e outubro. Mas hoje as empresas operacionalmente já estão funcionando como se fossem uma.

Inicialmente, os ganhos com sinergia foram avaliados em R$ 5,5 bilhões. Hoje, o cálculo continua o mesmo?
Sim, nossos ganhos de sinergia estão estimados em R$ 5,5 bilhões.

Essa chamada “nova fase” da Oi, após capitalização de R$ 14 bilhões, colocará a companhia em que situação no mercado?
A operação de aumento de capital está concluída. A Oi reforçou a sua estrutura de capital, captando R$ 8,25 bilhões em mercados internacionais, totalizando cerca de R$ 14 bilhões. Ao juntarmos a liderança na inovação, tecnologia e capilaridade da Portugal Telecom e da Oi, que está presente em mais de 5.400 municípios, com fixo e móvel, nós vamos poder surpreender os nossos clientes, no Brasil e em Portugal, focando na estratégia de convergência, com ofertas de multiprodutos. As duas empresas já atuam com o mesmo direcionamento operacional e com as mesmas prioridades estratégicas.

Ainda existem ativos consideráveis a serem vendidos? Quais são eles?
A companhia sempre está atenta as oportunidades de mercado. Entendemos que as empresas de telecom para garantir uma eficaz alocação de capital devem focar em suas atividades e funções essenciais (core) e, para tal, utilizar somente os ativos essenciais. Por uma questão de foco e disciplina financeira, os ativos não essenciais, non-core, devem ser vendidos. Naturalmente tais vendas também ajudam a manter o endividamento sob controle, resultando numa estrutura de capital equilibrada.

Qual o tamanho da empresa depois da fusão com a Portugal Telecom?
Esta nova empresa vai ter 100 milhões de clientes e vai ser uma das 25 maiores empresas no mundo. Esse aumento de escala e essa maior capacitação tecnológica e de inovação, além de maior capacidade financeira, com certeza vão permitir que ambas as empresas, seja aqui no Brasil ou em Portugal, possam continuar a investir mais em cada um dos mercados e a oferecer os melhores serviços do mundo em cada um dos mercados onde operam.

A Oi registrou lucro líquido de R$ 227,5 milhões no primeiro trimestre, queda de 13,2% ante o mesmo período de 2013. É um resultado adequado? O que podemos esperar para o fechamento do ano?
Nosso resultado reflete progresso em relação nossas prioridades de negócios, que são o controle de custos operacionais, controle de investimento, monetização de ativos, sinergias e transformação do modelo de negócio.

A retração registrada no trimestre é reflexo da queda da tarifa de interconexão, VU-M, que resultou em redução de R$ 180 milhões na receita de interconexão móvel e da menor receita com venda de aparelhos. Desconsiderando essas linhas, a receita da companhia cresceu quase 1% ano-contra-ano, resultado do foco da companhia na qualidade das vendas e na rentabilização de sua base.

Qual o foco de crescimento da Oi a partir de agora?
Nossa estratégia é focar na convergência de fixo, móvel, banda larga e TV, com ofertas de multiprodutos no residencial. No corporativo e no empresarial, o que nós queremos é oferecer mais tecnologia, as chamadas soluções de “cloud”. Na telefonia móvel, a nossa grande aposta é no pré-pago e nós temos uma grande participação de mercado para conquistar. O foco é o crescimento do pré-pago, aumentando recargas, e a revisão de ofertas, para melhorar a rentabilidade. No pós-pago, investimos no diferencial da convergência na internet móvel para sustentar a transição do uso de voz para a explosão do consumo de dados.

E na infraestrutura?
A Oi está reforçando os seus investimentos na área de mobilidade: 2G, 3G e 4G. O aumento da cobertura e da velocidade da banda larga também são prioridades nos nossos investimentos. A Oi está investindo também na construção de um novo data center em Brasília, com dois mil e quinhentos metros quadrados. A Portugal Telecom já concluiu muito da sua modernização de planta e, por isso, nesse momento, ela está apoiando a Oi para que a empresa possa implementar o mesmo tipo de transformação.

Qual a dimensão de Minas Gerais para os negócios da Oi? Existe uma meta de ampliar esse peso do Estado?
Minas Gerais está entre os principais mercados para a companhia tanto em número de clientes como em faturamento. Temos 9,8 milhões de UGRS (Unidades Geradoras de Receitas) em Minas o que é muito expressivo, e por isso o Estado é considerado um mercado estratégico para a Oi.
Somos líder em market share em banda larga fixa no Estado, com 44% deste mercado que é altamente competitivo e vamos continuar a reforçar nossa posição em Minas. Estamos implantando fibra em bairros de Belo Horizonte onde estamos prontos para atender mais de 20 mil clientes e, principalmente, concentrando esforços na expansão da Oi TV no Estado.

A Oi TV será importante nesse processo?
Com uma parceria fechada com a TV Globo, em março, a Oi TV é hoje a operadora com mais canais da emissora distribuídos em TV por assinatura via satélite no Brasil. Essa parceria aumentará de 13 para 43 o número de emissoras da Rede Globo e suas afiliadas, que têm contrato com a Oi TV, abrangendo cerca de 3 mil municípios no país. Em Minas, a Oi TV acrescentou à sua grade de programação em HD a EPTV Sul de Minas, a Inter TV dos Vales e a Inter TV Grande Minas. Com isso, a Oi cobre com o sinal HD da Rede Globo mais de 790 municípios no Estado com 7,3 milhões de residências.

Diante da tendência que parece irreversível de convergência de mídia, quais são os planos da Oi?
Essa tendência já foi antecipada pela Oi. Fomos uma das primeiras companhias a focar na convergência de fixo e móvel, banda larga e TV e na ampliação nos mercados corporativo e empresarial, com soluções que combinam telecom e tecnologia da informação. Não foi por acaso que investimos no aumento da nossa capacidade de transmissão via satélite para lançar uma Oi TV mais robusta, reforçamos a rede Wi-Fi, lançamos ofertas multiprodutos como o Oi Conta Total – que foi um produto pioneiro no mercado.

Segundo a Anatel, a Oi possui 18,5% de participação no mercado nacional. Como Minas se posiciona?
Em um dos segmentos mais competitivos, como é o caso da banda larga fixa, temos a liderança com 44% do mercado. Em mobilidade temos 23,99% do mercado e somos líderes em market share nas 177 cidades com DDD 33.

No primeiro trimestre deste ano a Oi investiu R$ 141 milhões em Minas? Em que foram alocados os recursos?
A maior parte do investimento é feito na expansão da rede de 3G e 4G e melhoria da rede fixa no que se refere ao serviço de banda larga, além de serviços de voz e dados voltados para o segmento Corporativo. Em 2013, instalamos mais de 100 mil portas de acesso à banda larga em Minas, reforçando nossa rede. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram ativadas mais de 23,7 mil portas. Hoje, a companhia já possui mais de 1 milhão e 200 mil portas instaladas no Estado. Ampliamos também nossa rede móvel, com a instalação de 267 novos sites 2G, 3G e 4G. Neste ano, de janeiro a abril, já foram instalados mais 117 sites.

Quais os planos da Oi de investimentos futuros em expansão da 3G e implantação da 4G?
A expansão da nossa rede de telefonia móvel concentra boa parte dos nossos investimentos e isso vai continuar a ser uma prioridade. Estamos investindo também no compartilhamento da rede 4G com a TIM. E também temos investido bastante na nossa rede Wi-Fi. Somos a maior operadora de Wi-Fi do Brasil, com mais de 700 mil pontos de acesso no país, sendo cerca de 121 mil em Minas Gerais. O investimento na rede Oi Wi-Fi é uma das diversas iniciativas da companhia para atender ao crescente consumo de dados e investir em maior mobilidade para clientes, além de melhor experiência de uso da internet móvel, complementando a cobertura 3G e 4G. A rede Oi Wi-Fi é baseada na rede de banda larga fixa da Oi – que atende todas as regiões do país – e, em função disso, a Oi Wi-Fi tem grande capilaridade e oferece capacidade de download superior às redes móveis.

Não raramente, o setor de telefonia, móvel e fixa, lidera o ranking de reclamações do Procon. Por que isso ocorre e o que tem sido feito para melhorar o atendimento e a qualidade do serviço prestado?
Nós estamos investindo na capacitação interna e fortalecendo o foco nas áreas de operações, TI e engenharia para mudar o patamar de qualidade, seguindo o novo cenário de mudanças estruturais na companhia. Estamos promovendo uma transformação estrutural que nos permite fazer mais, de maneira mais rápida e melhor, perseguindo um alto patamar de eficiência e produtividade. Estamos fazendo uma grande transformação estrutural e cultural na companhia e isso terá reflexo natural na melhoria na prestação do serviço e na percepção do cliente final.

Quanto e em que a Oi investiu em infraestrutura para a Copa?
A Oi dimensionou o aumento na demanda por serviços de telecomunicações durante a Copa e já iniciou a ampliação de cobertura e a capacidade de suas redes de telefonia móvel 2G, 3G e 4G em diversos pontos-chave das cidades-sede do torneio (inclusive Belo Horizonte), como entorno dos estádios, hotéis principais, aeroportos, portos, rodoviárias, locais de exibição pública de jogos (Fifa Fan Fests e outros telões), pontos turísticos, locais de concentração de bares, restaurantes e lanchonetes e demais pontos de aglomeração de público.

A Oi montou para a Copa do Mundo uma ampla estrutura para monitorar o funcionamento de sua rede – tanto a rede móvel e wi-fi quanto a rede montada para a Fifa –, que permite acompanhamento ininterrupto por especialistas técnicos da empresa diretamente do Centro de Gerenciamento de Rede da Oi. Esse centro reunirá as informações sobre desempenho da rede da Oi em todo o Brasil e está conectado por videoconferência aos 12 estádios da Copa, ao Riocentro – onde funcionarão o IBC e o Centro de Comando de Rede da Fifa (ITCC) – e às bases da Oi nas cidades-sede.

A cobertura de celular nos estádios da Copa está garantida? Até nos estádios com obras que sofreram atrasos, como o Itaquerão (SP) e a Arena da Baixada (PR)?
É importante esclarecer que a prestação de serviços de telecomunicações para a Fifa e o Comitê Organizador Local tem escopo diferente do serviço prestado ao público torcedor em geral. A Oi foi contratada pela Fifa para fornecer alguns serviços de telecomunicações nos estádios e nas cidades-sede da Copa das Confederações da Fifa Brasil 2013.

Já o funcionamento dos demais serviços de telecomunicações dentro dos estádios e outros ambientes de grande fluxo de público durante o evento, como aeroportos e hotéis, são de perfil multioperadora para garantir que todos os clientes poderão usar o portfólio de serviços das operadoras. As operadoras de telefonia móvel se uniram em um consórcio para fornecer cobertura móvel indoor (2G, 3G e 4G) nos seis estádios da Copa das Confederações da Fifa Brasil 2013 e, posteriormente, para os demais estádios da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. Todas as operadoras têm a mesma qualidade de sinal dentro dos estádios para o público.
 

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