Sensação de impunidade leva bandidos a praticar crimes cada vez mais ousados

Renata Galdino - Hoje em Dia
07/08/2014 às 07:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:41
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

A sensação de impunidade deixa bandidos à vontade para agir a qualquer hora do dia, sem receio de ser identificados e presos. Nem mesmo a proximidade de uma sede policial serve como inibidor.   Para especialistas, os crimes violentos, que no primeiro semestre deste ano cresceram 27% na capital, só serão reduzidos quando as leis penais forem alteradas e as políticas de segurança pública, melhoradas.

Com penas mais rigorosas, casos recentes poderiam ser evitados. Como a tentativa de roubo da arma de um vigilante do supermercado Verdemar (região Oeste), no último sábado, que terminou com duas mortes. Ou o homicídio de um policial militar, em um assalto a menos de um quilômetro de uma Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), no bairro Ouro Preto, na Pampulha, em maio.

Na última segunda-feira, um detento monitorado por tornozeleira eletrônica foi preso com drogas durante incursão do Batalhão Rotam no Aglomerado da Serra, na Zona Sul de Belo Horizonte.

“O problema está na lei e na aplicação dela. A ousadia dos bandidos é um sinal de que a Justiça não funciona bem. Os criminosos têm a convicção de que a chance de ser presos é pequena”, diz o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori.

Mas, de acordo com o consultor, não são apenas a demora no julgamento dos processos pelo Judiciário e as falhas na lei que impulsionam a ação de bandidos. “A prevenção da Polícia Militar, principalmente pela perda de efetivo, caiu nos últimos anos, e a Polícia Civil tem baixa capacidade de investigação. A soma de tudo isso gerou o que vemos hoje”, enfatiza.

Para se proteger, cidadãos buscam alternativas para inibir os ataques, como o reforço na segurança particular. Porém, as estratégias nem sempre impedem as ações criminosas. Que o diga Marta Sales, proprietária de uma padaria no bairro Gutierrez (Oeste).

Depois de ser assaltada cinco vezes em um período de quatro meses, em setembro do ano passado ela decidiu instalar um circuito de câmeras no estabelecimento. Não surtiu efeito. Há três meses a padaria foi novamente alvo de bandidos, que não se preocuparam em esconder o rosto. “É revoltante. Você tenta se cercar de todas as formas, mas não tem jeito”, diz.

Nos assaltos do ano passado, Marta acredita que eles foram praticados por um mesmo grupo, já que, em uma das ações, um dos ladrões disse para ela “não ficar nervosa desta vez”. “Não duvido que sejam as mesmas pessoas, uma vez que esses bandidos sabem que presos ficarão só um tempo na cadeia. Depois, estarão livres para cometer mais crimes”.

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