Menor ritmo de produção na indústria mineira afeta 20 mil trabalhadores

Bruno Porto - Hoje em Dia
29/05/2015 às 06:34.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:15
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

A crise no setor industrial obrigou montadoras e siderúrgicas instaladas no país a ampliarem suas medidas de contenção da produção como forma de ajustar o ritmo das linhas de montagem ao da demanda. O parque automotivo de Minas Gerais e os fabricantes de aço do Estado também sentem os efeitos da retração nas vendas e a necessidade de pé no freio vai afetar diretamente pelo menos 20 mil trabalhadores de empresas mineiras nesses dois segmentos.

Na Fiat, em Betim (Região Metropolitana de BH), 100% da produção serão interrompidos entre os dias 8 e 12 de junho. A paralisação deve gerar um corte de 15 mil veículos na produção da montadora italiana e folga para cerca de 16 mil trabalhadores. A empresa confirma as medidas, mas o contingente afetado não é um número oficial. Na planta da Mercedes-Benz, em Juiz de Fora, responsável pela produção de caminhões, a partir de 1º de junho todos os 700 trabalhadores entrarão em férias coletivas por 15 dias, período em que a produção será paralisada. Há ainda a Usiminas, onde o corte de jornada e de salário pode afetar um universo de 3 mil trabalhadores, conforme informou a companhia.

No caso da Fiat, ao todo são empregados na planta de Betim 19 mil profissionais e a parcela deles que atua no setor administrativo vai trabalhar normalmente, segundo informou a assessoria de imprensa da montadora. Os trabalhadores que serão dispensados terão que compensar futuramente o período de descanso.

Já se encontram em férias coletivas na Fiat 2 mil trabalhadores, que se reapresentam para o trabalho no próximo dia 1º de junho. A montadora afastou a possibilidade de demissões nesse momento.

O Sindicato dos Meta-lúrgicos de Betim informou que a rede de fornecedores que atende à Fiat não deverá, em um primeiro momento, acompanhar a pausa na produção da Fiat, mas caso ela se prolongue por mais tempo que o previsto, isso pode ocorrer.

Queda nas vendas

A necessidade de colocar um volume menor de veículos no mercado é revelada pelos dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Eles apontam para uma queda de 24,6% nas vendas de veículos nacionais de janeiro a abril deste ano em comparação com igual intervalo de 2014. O licenciamento total de veículos leves da Fiat no primeiro quadrimestre do ano foi de 116,3 mil unidades, uma retração de 31,8% sobre os 170,6 mil emplacamentos nos quatro primeiros meses de 2014.

Usiminas confirma negociação para cortar a jornada de trabalho do setor administrativo

A Usiminas confirmou informação veiculada pelo Hoje em Dia na edição dessa quinta-feira (28) que adiantou a negociação para diminuição da jornada de trabalho em um dia para o setor administrativo da empresa, com proporcional redução nos salários. A fabricante de aço acrescentou que a medida, proposta ao sindicato, e em fase de negociação, se estende para todas as unidades da empresa no Brasil e é um esforço para preservar empregos.

A empresa vai negociar esse acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) e pretende colocar em prática o plano o mais breve possível. A legislação permite esse tipo de redução no tempo de trabalho por um prazo máximo de seis meses. A siderúrgica deverá acompanhar o mercado para definir o tempo de vigência do acordo, se aprovado. A Usiminas também informou o desligamento temporário dos altos-fornos 1 da Usina de Cubatão e de Ipatinga, a partir de 31 de maio e 04 de junho, respectivamente.

Mercedes

A montadora de veículos instalada na Zona da Mata, além das férias coletivas já acertadas, propôs ao sindicato da categoria colocar mais duas turmas, de 120 trabalhadores, em lay-off (suspensão temporária de contrato). A primeira seria de julho a novembro deste ano e a outra de dezembro a abril de 2016. Haverá garantia de empregos enquanto vigorar a medida.

A proposta será debatida hoje entre sindicato e empresa, mas o presidente do sindicato, João César Silva, adiantou que deverá aceitar o acordo. “Dado o cenário, não temos muita alternativa. O importante no acordo é a manutenção dos empregos”, afirmou.

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