(Frederico Haikal/Hoje em Dia)
Depois de três meses de estabilidade, o preço pago pela indústria ao produtor de leite mineiro sofreu queda de 0,5% no mês de setembro, na comparação com agosto. Na gôndola dos supermercados, no mesmo período, o produto teve um aumento de cerca de 2,62%.
A redução do preço nas fazendas foi captada por levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Na média nacional, os produtores de leite receberam 0,7% a menos em setembro ante agosto.
Na comparação com setembro de 2013, a queda do preço em Minas foi de 3,5%. Uma das razões do recuo apontadas pelo Cepea foi a demanda desaquecida, que impactou negativamente na cotação dos derivados do leite no atacado.
Outro fator foi o aumento da captação do leite no âmbito nacional, relacionado à aproximação do período de alta da safra do Sul do país, além do início da temporada leiteira e da ocorrência de chuvas em algumas regiões do Sudeste depois de longa estiagem.
O presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Alvim, analisa que a situação econômica do país se reflete diretamente no mercado leiteiro.
“A queda de preço é consequência do recuo do consumo. O Brasil está crescendo pouco”, afirma Alvim. “A indústria tem que reduzir preço porque o consumidor está comprando menos”.
Preocupação
Em Alfenas, no Sul de Minas, o produtor da Central Minas Leite, Manoelito Simões, comenta que as empresas compradoras alegam que o mercado não está absorvendo o leite e que é necessário diminuir o preço para atrair novamente a demanda.
“Eles afirmam que as vendas estão caindo nos supermercados. Os impactos são a redução de margem de lucro e, posteriormente, o prejuízo mesmo. A única coisa que podemos fazer é esperar que o mercado reaja”, diz Simões.
O engenheiro agrônomo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) Wagner Hiroshi Yanaguizawa analisa que 2014 vem sendo uma consequência de 2013, ano em que o consumo por produtos lácteos se elevou e sustentou os preços em patamares mais elevados.
“A formação dos preços segue parâmetros particulares de cada empresa. Mas vale destacar que quando um aumento é absorvido pelo consumidor final da cadeia, a tendência é que as estratégias de preços se mantenham testando os consumidores no mercado”, diz Yanaguizawa.
Segundo levantamento quinzenal realizado pela Secretaria Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional (Smasan) da Prefeitura de Belo Horizonte, o aumento do preço do produto para o consumidor final acompanha a expansão do preço da cesta básica, que passou a custar 1,41% a mais em outubro, na comparação com setembro.
O diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Costa Moreira, informa que, segundo dados da Scot Consultoria, o mercado permanece estável, tanto no preço pago ao produtor quanto no preço cobrado do consumidor.