Cenário de pleno emprego tem provocado desapego à vaga

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
03/07/2014 às 08:10.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:14
 (Divulgação)

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Conseguir fazer com que as pessoas queiram desenvolver bem suas tarefas é o maior desafio dos líderes, atualmente. Diante do cenário de pleno emprego e da facilidade com que muitos profissionais conseguem trocar de empresa, o desapego à vaga ocupada tem sido um fator de desmotivação dentro das empresas.

Essa é a avaliação do coach e especialista em liderança, desenvolvimento humano e performance organizacional Alexandre Prates. Segundo ele, hoje os líderes precisam ainda mais do empenho de suas equipes para conseguir alcançar os resultados propostos.

Para isso, ele aponta três fatores indispensáveis à liderança. “Primeiro, é preciso entender que as pessoas não aceitam mais simplesmente executar uma tarefa, elas querem participar da tomada de decisões. Segundo, é importante mostrar ao funcionário a importância daquilo que ele está fazendo, não somente informar o trabalho a ser executado. Por fim, um aspecto já muito conhecido no mundo corporativo, mas pouco praticado: o reconhecimento, tanto racional (salário) quanto emocional”, disse.

Afinidade

Em todos esses aspectos, Prates ressaltou que é indispensável a proximidade entre líderes e liderados, de maneira que o emocional possa ser trabalhado paralelamente ao profissional, complementando-o. Esse quesito é reforçado pela
e presidente da Dasein Executive Search, Adriana Prates.

De acordo com ela, conhecer o que traz satisfação a cada membro da equipe e sua forma de pensar ajuda a extrair o melhor dos funcionários.

“O líder tem que enxergar potencialidades e possibilidades, ajudar as pessoas a superarem suas limitações. Muitas vezes, isso significa segurar na mão e caminhar junto, mostrando que vão em frente e que vão conseguir”, afirmou Adriana.

Perspectiva

Um exemplo de líder que tem tido êxito nessa proposta, segundo a presidente da Dasein, é o técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari. Além de preparar os jogadores para as disputas do Mundial, ele apoia o grupo sem deixar de impor sua posição de liderança. “Ele opera naquela equipe como um CEO (diretor executivo), fazendo com que o coletivo se engaje e seja positivo. Embora ele trabalhe com um grupo flagelado, conseguiu um grande milagre, que foi levar a Seleção às quartas de final da Copa do Mundo”, disse Adriana.

Para o coach Alexandre Prates, o cenário que se desenha para a atuação dos líderes é animador, já que a busca por qualificação vem aumentando, assim como a preocupação com o indivíduo.

“Os congressos sobre liderança têm lotado mais, nos últimos dois anos. Além disso, um erro anterior da liderança não tem ocorrido tanto mais: os líderes têm se preocupado menos em liderar processos e mais em liderar pessoas”.

Falhas na gestão podem refletir nos resultados

Apesar da importância do alinhamento entre os líderes e suas equipes, uma avaliação do perfil do executivo brasileiro, realizada pela consultoria Kienbaum, apontou que os profissionais daqui estão abaixo da média quando o assunto é liderança.

A empresa avaliou mais de 18 mil pessoas, 49 segmentos de mercado e competências variadas. O resultado apontou que liderança de times, capacidade de catalisar mudanças, visão estratégica, gestão de pessoas e tomada de decisões estão entre os aspectos que mais precisam ser trabalhados.

“O que a gente enxerga é que a formação básica, nas diversas áreas, não contempla gestão de pessoas, desenvolvimento de liderança. Essa não é uma disciplina da formação padrão. As pessoas têm que buscar a complementação da formação”, afirmou a sócia da Kienbaum em Belo Horizonte, Paula Laudares.

Impacto

Segundo ela, esses gargalos na atuação do líder são percebidos não só pelos funcionários como pela companhia, que não consegue atingir as metas de que precisa. “Quando o gestor não tem essas competências, a equipe não se desenvolve e isso vira um resultado menor para a empresa. É o que chamamos de alavanca de resultados invisíveis, que pode afetar diretamente a produtividade”.

Em outro estudo, realizado pela empresa de relações públicas Ketchum, 75% dos brasileiros declararam que a comunicação é extremamente importante para uma boa liderança, mas apenas 41% percebem seus líderes como bons comunicadores.

“Essa lacuna tem implicações não apenas na imagem e na reputação como também nos negócios. De acordo com o estudo, a maioria dos entrevistados boicotou ou comprou menos produtos de uma empresa nos últimos 12 meses por conta da atuação insatisfatória de seus líderes. Um número bem menor começou a comprar ou comprou mais coisas de uma empresa porque tinha uma visão positiva de seus líderes”, disse a sócia-diretora da Ketchum Estratégia, Rosana Monteiro, destacando que as lideranças têm papel decisivo no desempenho das organizações.

Mulheres em destaque

As mulheres estão se destacando mais do que os homens nos principais atributos considerados críticos para a eficiência dos cargos de liderança, segundo estudo da empresa de relações públicas Ketchum.

O melhor desempenho das profissionais foi revelado em estatísticas, mostrando o destaque
do público feminino.

No quesito liderança pelo exemplo, as mulheres são maioria, com 57%; na comunicação de forma aberta e transparente, elas são 62%, no reconhecimento de erros, 66%, e , por fim, na capacidade de trazer à tona o que os outros têm de melhor, as líderes representam 61%. 

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