PF suspeita que verbas do BNDES beneficiaram Pimentel quando ele era ministro

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
26/06/2015 às 12:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:39
 (Agência Brasil/Reprodução)

(Agência Brasil/Reprodução)

A Operação Acrônimo, da Polícia Federal, investiga repasses feitos pelo BNDES para empresas de comunicação que teriam como beneficiário o governador de Minas, Fernando Pimentel. Segundo relatório da PF encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, ao qual o Hoje em Dia teve acesso, as operações eram intermediadas pela empresa Oli Comunicação, de propriedade da primeira dama do Estado, Carolina de Oliveira. Na época dos fatos, Pimentel era ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ao qual o BNDES é subordinado.   Conforme informações da PF, "o pagamento de vantagem indevida, por empresas que se relacionavam com o BNDES, ao então ministro utilizava interpostas pessoas - Oli Comunicação e Carolina Oliveira". Segundo o relatório, causa estranhamento a contratação da Oli por elevados valores considerando tratar-se de empresa sem grande renome no mercado.   Durante toda a sua existência, a Oli Comunicação teve somente um empregado registrado (entre 1/06/2012 e 21/08/2014), o qual recebeu como último salário R$ 1.096. Conforme a PF, "não é usual que uma empresa que recebe pagamentos da ordem de mais de R$ 100 mil por mês apenas de um cliente possa executar uma contraposição de valor agregado tão elevado somente com o labor de uma sócia-administrativa e mais um empregado".   Apenas a empresa MR Consultoria fez pagamentos à Oli, de 2012 a 2014, num total de R$ 2,4 milhões (uma média de R$ 800 mil por ano) por suspostos serviços de consultoria de comunicação e imprensa.   À época dos fatos apurados pela Polícia Federal, Carolina de Oliveira era uma jornalista de menos de 30 anos de idade e cuja experiência profissional limitava-se a vínculos com uma grande assessoria de comunicação de Brasília (de 2005 a 2009), e cujo maior salário foi de R$ 4.603.   "Tal situação só começou a se modificar após o vínculo de cerca de dez meses como assessora do presidente do BNDES, no período de fevereiro a dezembro de 2011. À época dos repasses do banco à empresa de comunicação de Carolina, Fernando Pimentel ocupava o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio", diz o relatório.    Questionado sobre o assunto, o governo de Minas encaminhou uma nota com explicações. O texto é o mesmo que já havia sido encaminhado para a imprensa nessa quinta-feira (25). Veja a nota na íntegra:   “A operação de busca e apreensão pretendida contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e a realizada na manhã desta quinta-feira, 25 de junho, no seu antigo escritório particular, em Belo Horizonte, é a extensão da arbitrariedade cometida anteriormente, quando os policiais estiveram no apartamento de sua esposa, em Brasília.    Com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades, tanto que os pedidos para a realização de busca e apreensão nas sedes do governo de Minas Gerais, na residência oficial e na residência particular do governador, e ainda em relação a sua esposa, foram negados pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, por considerá-los desarrazoados.    É importante ressaltar que o órgão competente negou à Polícia Federal o prosseguimento de atos sem base legal e sem fundamentação em fatos que os justificassem. Embora oportunamente impedida, esse tipo de arbitrariedade merece o repúdio da sociedade civil. O governador e sua esposa reafirmam sua confiança na Justiça e colocam-se, como sempre estiveram, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, o que torna desnecessária e abusiva a reiterada tentativa de utilizar esse tipo de medida policial.   Todas as providências necessárias para assegurar o respeito ao direito individual, à legalidade e à autonomia federativa serão tomados para coibir o abuso e a arbitrariedade na condução do inquérito policial. Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e anti-republicanos”  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por