CUIABÁ - A Justiça de Mato Grosso negou todos os novos pedidos de liberação para trabalho e estudo feitos pela defesa do ex-deputado Pedro Henry (PP-MT). Primeiro condenado do mensalão autorizado a trabalhar fora da cadeia, Henry poderia, com as novas ocupações, reduzir em mais da metade o tempo que passaria efetivamente preso, a cada semana. O ex-deputado foi condenado a sete anos e dois meses em regime semiaberto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "É clara a intenção do recuperando em apenas se manter afastado do estabelecimento penitenciário", avaliou o juiz Geraldo Fidelis, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, em decisão publicada nesta quarta-feira (22). Desde o dia 9 de janeiro, ele cumpre expediente como diretor administrativo do Hospital Santa Rosa, o maior da rede privada de Cuiabá. O salário é de R$ 7.500 mensais. Nos dias úteis, sai da cadeia às 6 horas e só volta às 19 horas. Aos sábados, trabalha das 6 às 14 horas. Nos domingos e feriados, fica preso o dia todo. Em um dos pedidos negados pela Justiça, Henry, que é médico legista, buscou aval para assumir um cargo no IML (Instituto Médico Legal) do Estado. Na instituição, trabalharia apenas aos domingos, em um regime de plantão de 24 horas: das 7 até às 7 horas de segunda-feira, sem intervalo para retorno à prisão. Outro requerimento mencionava que o ex-deputado, aprovado no vestibular de uma faculdade particular, pretendia cursar fisioterapia de segunda a sexta-feira, das 19 horas às 22h30. Henry pediu, ainda, para deixar a cadeia nas tardes de sábado para frequentar uma especialização em medicina hiperbárica. "Burlar a pena" Em parecer à Justiça, o Ministério Público qualificou as demandas do ex-deputado como uma tentativa de "burlar a própria execução da pena". "[Tornaria] o presídio um local somente de apoio noturno, sem o necessário momento de reflexão que toda e qualquer pena deve impor aos condenados sobre os seus atos", afirmou. O juiz também questionou a real motivação de Henry em cursar fisioterapia. "Não fosse esse o motivo [se manter afastado da prisão], com certeza, o médico penitente já o teria cursado há tempos." Para o juiz, "a sociedade tem o direito de ver resguardada, e garantida, a ordem pública". "É de conhecimento de todos que o senhor Pedro Henry Neto iniciou o cumprimento de sua pena no regime semiaberto há pouco mais de um mês [...] não se trata de progressão de regime e sim início do cumprimento do semiaberto." A reportagem tentou, sem sucesso, contato nesta quarta-feira com o advogado Décio Arantes, que representa o ex-deputado. Em entrevista concedida na segunda-feira (20), Arantes disse que seu cliente não pediu "nada que não esteja previsto na legislação. "E, para ele, não é novidade ter que trabalhar e estudar. É o que ele fez a vida inteira", declarou.