'Caí na fogueira das vaidades', diz atleta que mentiu em livro

Folhapress
02/10/2015 às 16:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:55

O ex-nadador José Cláudio dos Santos, o Zequinha, 51, admitiu nesta sexta-feira (2) que mentiu para a professora e pesquisadora Katia Rubio, da USP, e assim teve o nome incluído no livro "Atletas Olímpicos Brasileiros", lançado em 25 de agosto.
 
"Momento de surto psicótico", afirmou o carioca, por telefone, à reportagem. "Caí na fogueira das vaidades. Aí você sabe os riscos que corre. Todos já foram execrados. Acabou. Já pedi desculpas à Katia e à comunidade da natação. Caso encerrado. Fui execrado e já me manifestei a quem devia. Não gostaria mais de falar", explicou Zequinha dos Santos.
 
O ex-nadador do Fluminense e do Flamengo relatou em vídeo que foi aos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, como reserva da equipe de revezamento 4 x 100 m livre do Brasil. Mas ele não foi à Olimpíada russa como também não esteve nos Jogos Pan-Americanos de 1979, em San Juan, em Porto Rico, como disse à autora do livro.
 
Katia Rubio o procurou, há cerca de três anos, porque Zequinha faz parte do Instituto Atleta Rubro Negro e seria uma fonte para contactar esportistas olímpicos do Flamengo. Ele, então, disse que havia sido reserva na equipe de revezamento em Moscou-1980. A pesquisadora documentou o depoimento em vídeo no ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio. Neste dia, o mesmo Zequinha a apresentou à ex-presidente do Flamengo e nadadora olímpica Patrícia Amorim.
 
Hoje Zequinha trabalha como fotógrafo e diz que o Instituto criado para preservar o esporte olímpico no Flamengo ficou de lado.

Ele conta que não estava acompanhando o caso que ganhou notoriedade nesta semana devido à revelação, feita pelo colunista da Folha de S.Paulo Juca Kfouri, que a ex-nadadora Christiane Paquelet, 59, havia mentido e também estava no livro de Katia Rubio sem nunca ter sido atleta olímpica. Zequinha diz que ficou sabendo de que seu nome e o de Christiane tinham sido revelados por meio de mensagens e críticas de amigos nas redes sociais.
 
"Entendo esse caso como mais uma situação onde ocorreu uma falsa memória, ou seja, é uma lembrança que diferencia parcial ou totalmente da realidade que foi vivida. Em alguns casos são pequenos devaneios, em outras são verdadeiras ficções com profundas modificações do significado dessas vivências", explicou Katia Rubio, ao ser questionada sobre o caso de Zequinha.
 
Na quinta (1º), a autora do livro já havia dito à Folha de S.Paulo que Zequinha e Christiane haviam pedido desculpas a ele e que foram "aceitas prontamente". "A conduta deles não resvala em mim, mas sim no meu trabalho. Mais do que desculpas, a atitude deles significa que meu trabalho foi realizado com rigor e método. E que, se algo fugiu ao meu controle, é porque eu não tinha controle algum sobre a criação deles", disse.
 
Outros cinco casos semelhantes foram descobertos antes da publicação do livro, afirmou a autora.
 
Christiane admitiu -segundo o COB (Comitê Olímpico do Brasil)- ter mentido para a autora do livro "Atletas Olímpicos Brasileiros", o que fez com que seu nome fosse incluído na obra, lançada no dia 25 de agosto.
 
Diretora cultural do COB, a museóloga carioca pediu nesta quinta-feira (1º) para deixar o cargo que exercia desde 2000 na entidade.
 
Christiane e Zequinha tiveram suas histórias incluídas como verbetes na obra, que retrata 1.796 esportistas do país que competiram nos Jogos e também os que foram a uma edição olímpica mas acabaram fora das disputas por lesão ou completaram as equipes como reservas.
 
Christiane afirmou que foi aos Jogos de Munique-1972, mas lesionou o ombro em um treino e retornou ao Brasil.

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