Quartas de final terão a marca da camisa 10

Felipe Torres - Enviado especial
03/07/2014 às 07:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:14
 (Jefferson Bernardes)

(Jefferson Bernardes)

TERESÓPOLIS – O torcedor não tem do que reclamar. Dentro de campo, esta parece ser mesmo a “Copa das Copas”. O equilíbrio técnico entre as equipes é tão grande que o imprevisível torna-se fator obrigatório em cada confronto. Portanto, não haveria cenário melhor para que os craques brilhassem. Eles são os responsáveis pelo inesperado, aqueles que mudam a história do torneio num piscar de olhos, após um lance genial.

O Mundial se afunila e chega às quartas de final com duelos especiais envolvendo camisas 10, pois das oito equipes que ainda brigam pela taça, sete têm no jogador que leva o número mais famoso do futebol nas costas suas peças diferenciadas. Para alívio dos canarinhos, “o cara” da Seleção pisará o gramado do Castelão nesta sexta-feira (4), às 17 horas, em Fortaleza, no jogo contra a Colômbia.

Após se recuperar de dores na coxa esquerda e joelho direito, Neymar treinou normalmente nessa quarta-feira (2) na Granja Comary, em Teresópolis. Em seguida, entrou sorridente na sala de entrevistas do Centro de Mídia para conversar por 34 minutos com os jornalistas. De quebra, avisou que vai encarar o choque sul-americano como uma batalha. “Meu pai me ensinou que treino é jogo e jogo é guerra. Isso que levarei para dentro de campo”, afirma.

Jovens talentos

O jeito de ambos é de moleque. A responsabilidade, de gente grande. Aos 22 anos, Neymar e James Rodríguez atrairão toda as atenções no Castelão. Os camisas 10 carregam as responsabilidade de liderar Brasil e Colômbia rumo à semifinal. As estatísticas do torneio até apontam certa semelhança no desempenho das estrelas de Barcelona, da Espanha, e Monaco, da França.

Os dois finalizaram 14 vezes na Copa, sendo que o cafetero marcou um gol a mais: 5 a 4. A individualidade do canarinho se sobressai ao se constatar os 29 dribles aplicados nos adversários. James é econômico. Foram “somente” 12.

“O James é um craque, apesar da pouca idade. Como eu, ele tem 22 anos e demonstra ser um ótimo jogador. Mas espero que o ciclo dele acabe agora e a Seleção Brasileira continue. Com todo respeito, é claro ”, espera Neymar.

Durante os últimos dias de preparação na região Serrana do Rio de Janeiro, o técnico Luiz Felipe Scolari expôs o desequilíbrio emocional de Neymar e do capitão Thiago Silva, que estariam pressionados pela exigência do hexa em casa. O atacante desmentiu o comandante e ressaltou que “ninguém tem qualquer tipo de problema psicológico”.

“A partida contra o Chile foi emocionante. Eu fiquei emocionado e cada um possui uma forma de sentir. Nos cobramos muito porque queremos ganhar. Mas não temos de ficar pensando em pressão. Estamos jogando no quintal de casa, a torcida é nossa e temos de estar felizes dentro de campo. Não podemos ficar pensando que se perdermos vamos estar mortos”, crava Neymar, sempre com suas risadinhas ao fim das respostas.

Mística da camisa 10 surgiu com Pelé

A mística da camisa 10 em Copas surgiu em 1958, na Suécia, quando o Brasil foi campeão apresentando ao mundo Pelé, que usava o número por acaso, pois a CBD não enviou a lista de jogadores com numeração e o uruguaio Lorenzo Villizio, que integrava o comitê organizador, fez a distribuição por conta própria. Isso fez com que o goleiro Gilmar, por exemplo, fosse o 3.

No time da Alemanha, o craque joga com a 13

Além de Neymar x James Rodríguez, os brasileiros serão brindados com outros confrontos particulares de craques, nas quartas de final da Copa.

Curiosamente, só o jogo mais aguardado, entre os gigantes europeus Alemanha e França, nesta sexta-feira (4), às 13 horas, no Maracanã, não terá o duelo entre dois 10 que se destacam neste Mundial.

Os franceses contam com Benzema, destaque do Mundial até agora, mas na Alemanha, o 10 é o 13 Thomas Müller. O real dono da camisa, Podolski, ainda não brilhou na Copa.

Müller marcou quatro gols e já deu duas assistências. Benzema tem uma bola a menos na rede. Porém, o percentual de chutes certos do francês impressiona. São 76% dos arremates em direção à baliza rival.

Antes, questionavam a existência de dois “Messis”: o eficiente do Barcelona e o apagado da seleção argentina. As críticas parecem ter motivado o astro para este Mundial. La Pulga simplesmente ganhou o prêmio de melhor jogador da partida nos quatro jogos dos argentinos. Para alcançar tal feito, precisou ser decisivo em todos os duelos.

Messi derrubou as metas de Bósnia-Herzegovina, Irã e Nigéria, na fase de grupos. Nas oitavas, deu assistência açucarada para o gol de Di María, no 1 a 0 sobre a Suíça. Ele promete brilhar novamente sábado, contra a Bélgica, às 13h, no Mané Garrincha, em Brasília.

O desafiante do ídolo será Hazard, a referência belga. O meia do Chelsea não ostenta a genialidade de Messi. Mas se destaca pelo jogo coletivo e por ser a “válvula de escape” dos Diabos Vermelhos. São 111 passes dele na Copa, média de 28 por jogo.

Sneijder x Ruiz

Pergunte a qualquer torcedor quem é Sneijder. A maioria elogiará o camisa 10 da Holanda. Se a mesma questão envolver o adversário Bryan Ruiz, provavelmente poucos saberão a resposta. Ele é o destaque da Costa Rica, que tentará surpreender a Laranja Mecânica, também no sábado, às 17h, na Fonte Nova, em Salvador.

Sneijder não mostra tanto poder de decisão quanto o companheiro Robben. Só que o tento anotado nas oitavas, diante do México, domingo passado, em Fortaleza, animou o atleta do Galatasaray, da Turquia. Por sua vez, Ruiz, que defende o PSV, da Holanda, com dois gols, sonha em fazer história.

Minientrevista - Neymar

Como encara a pressão de ser a estrela da Seleção numa Copa em casa?

É claro que existe a pressão de jogar um Mundial. Mas eu vou falar por mim: eu tiro de letra, porque é um sonho. É algo que sempre busquei, desde criança, desde que vi o Ronaldo, com topete, fazer gol na final da Copa do Mundo. Eu disse: um dia quero ser igual a esse cara. Mas temos de jogar como se fosse contra um amigo.

Quando você joga contra um amigo não quer perder, porque ele vai te zoar. Eu pensei assim contra o Chile. Se perdesse, o Alexis Sánchez ia me zoar. Agora eu que vou zoar. Temos de carregar a responsabilidade, sim, mas eu levo no tom da brincadeira.

Acredita que a Seleção evoluiu no torneio?

Tudo melhorou desde o início do trabalho, estamos crescendo. Saímos de uma Seleção desacreditada para uma que pode ganhar o Mundial. O que posso fazer é ajudar os companheiros na marcação, correndo, brigando, fazendo tudo que é preciso. Tomara que no fim a gente possa sorrir ou chorar de alegria.

Como está sendo o trabalho com a psicóloga Regina Brandão?

Eu nunca havia feito e estou gostando bastante. Não somos só nós, do futebol, envolvidos com emoção todos os dias, que precisamos da psicologia. Aconselho vocês a fazerem, pois faz bem para a vida do ser humano, torna mais leve e tranquilo. A relação com a Regina Brandão é muito boa, é uma grande pessoa. Estou aprendendo muito e espero continuar fazendo.

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